São Paulo (AUN - USP) - Alunos que participam menos das aulas não necessariamente elaboram textos menos completos em conteúdo. Isso é o que está para ser concluído da tese de doutorado da pesquisadora e professora Carla Mao da Escola de Aplicação da Faculdade de Educação da USP. Sua hipótese inicial era a de que alunos mais participativos escreviam textos melhores, mas seu doutorado, prestes a ser concluído, revela que nem sempre isso acontece.
Segundo ela, alunos que aparentemente não interagem nas problematizações têm seu modo particular de obter e organizar as informações, o que revela um modo distinto de participação em aula. Carla, que já viu textos mais bem escritos de alunos menos expansivos, disse: “Quando eu comecei o meu Doutorado eu não levei em consideração que os que não estão falando, participando ativamente, não necessariamente estão ausentes da discussão”.
Sua tese é uma continuação do trabalho de mestrado no qual analisava somente os textos que os alunos escreviam durante as aulas de Ciências. Por meio desse estudo, passou a formular a hipótese de que crianças mais participativas escreveriam melhor. Já no Doutorado, vê que há uma maioria que participa mais e escreve melhor, mas isso nem sempre acontece.
No Mestrado, foi analisada uma média de 30 textos produzidos por dez crianças. Já o Doutorado, estuda três vídeos de aulas de física e particularmente um subgrupo da sala formado por cinco ou seis alunos. As aulas são de uma nova sequência didática elaborada pelo Laboratório de Pesquisas e Estudos de Física da USP (LaPEF).
Além do modo particular do aluno lidar com a informação, Carla disse que a dinâmica da aula tem bastante peso no desempenho dele. “Depende da atenção do aluno e da questão metodológica”. Segundo ela, a conduta do professor na hora de caminhar a discussão é um fato determinante.