ISSN 2359-5191

12/06/2009 - Ano: 42 - Edição Nº: 32 - Sociedade - Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas
Cotas para negros em universidades é tema de debate na USP

São Paulo (AUN - USP) - “Por que brancos e negros estão juntos no carnaval e no pagode, mas na Universidade o mesmo não acontece?”. Foi com esta pergunta que Douglas Martins de Souza, advogado e secretário adjunto de políticas de promoção da igualdade racial, iniciou sua fala na mesa-redonda sobre cotas em Universidades na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências e Humanas (FFLCH) da USP.

Também participaram Douglas Belchior, representante da Uneafro(União de Núcleos de Educação Popular para Negros e Classe Trabalhadora) e o advogado especializado em Leis Raciais, José Roberto Militão. Os três se declararam negros no início do evento. A platéia de alunos era, majoritariamente, branca. Martins disse ser totalmente a favor das cotas para negros, já que seria uma forma de colocar em prática uma “justiça distributiva”. O advogado deu a própria platéia como exemplo para dizer que o negro não tem espaço na Universidade. Pediu para que quem fosse negro levantasse a mão; na sala com mais de 100 pessoas, menos de 10 levantaram.

Belchior também se posicionou a favor das cotas, dizendo que estas são de “extrema importância e indispensáveis nesse momento”. O integrante da Uneafro ressaltou que as cotas para pessoas de baixa renda não resolvem o problema dos negros, já que, segundo ele, os beneficiados acabam sendo os brancos pobres.

Martins também falou que o vestibular, para aqueles que não puderam estudar em colégios particulares e não tiveram uma boa preparação, é uma barreira para entrar na faculdade, mas acarreta também uma queda no moral e na imagem do jovem na sociedade. “Quem não entra por falta de condição, fica com o estigma de que não passou, de que é incapaz”.

O único dos palestrantes que se disse contra as cotas foi Militão. Ele definiu a implantação das cotas como um erro e disse que esse tipo de política pública é irresponsável. “A construção social em torno da raça é um erro. Isso acaba produzindo um efeito no subconsciente do povo”. Militão relacionou a discussão com a luta de Martin Luther King, ativista que lutou por direitos civis nos EUA no século passado. “Martin Luther King lutou para acabar com as leis raciais nos EUA. Tornar as cotas previstas em lei é passar por cima disso, é trazer de volta leis raciais”.

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