ISSN 2359-5191

20/09/2002 - Ano: 35 - Edição Nº: 17 - Educação - Instituto de Geociências
Meio ambiente e cidadania motivam criação de licenciatura em geociências

São Paulo (AUN - USP) - Quando vêm as chuvas de verão, os paulistanos reclamam da incompetência dos governantes e tentam salvar das enchentes os seus bens e, às vezes, a própria vida. No entanto, não sabem como se comportam as águas subterrâneas, ou que São Paulo está construída numa área que já favorece alagamentos, mesmo sem intervenção humana. Esse pequeno exemplo revela como sabemos tão pouco sobre Geociências (ciências que estudam o comportamento e a formação da Terra), apesar de elas fazerem parte de nosso dia-a-dia. A partir dessa constatação, e acreditando na importância desses conhecimentos para a formação de um cidadão crítico e atuante, alguns professores do Instituto de Geociências (IGc) da USP propuseram a criação do curso de licenciatura. O projeto já está praticamente pronto, e até o fim do mês deve passar pela congregação do Instituto. Se aprovado a tempo pela reitoria, pode entrar no vestibular de 2003.

Introduzindo a reflexão pedagógica já no primeiro semestre, e não mais como um apêndice (como é atualmente a licenciatura na USP), a licenciatura enfatiza a interdisciplinaridade, incluindo créditos em vários departamentos correlatos. Além de poder atuar como professor no ensino formal, o licenciado ainda tem a opção de trabalhar no ensino não formal (dando palestras e cursos, por exemplo) e até mesmo com ecoturismo, dando um enfoque diferente do atual, que vem da Biologia. A USP não é a única universidade pensando algo desse tipo: em Belém do Pará e Brasília, há propostas semelhantes. Para a professora Maria Cristina de Toledo, uma das autoras do projeto, isso revela que a sociedade está se conscientizando para a urgência dos problemas ambientais, que só podem ser resolvidos quando se compreende como foram gerados.

Apesar de estarem presentes nas grades curriculares dos ensinos fundamental e médio, os conteúdos básicos de Geociências são ministrados de forma dispersa e desatualizada, já que a maior parte dos professores não teve uma formação interdisciplinar e não passou por cursos atualizados na área. As escolas têm se preocupado em suprir essas lacunas, levando os alunos para visitas ao museu do IGc (a cada ano, têm sido pelo menos 20 mil), convidando professores para realizar palestras, ou aceitando aquelas que às vezes eles mesmos se oferecem para fazer. Maria Cristina, que já fez palestras em muitas escolas no interior de São Paulo, conta que os alunos costumam se interessar pelo assunto, e ficam mesmo fascinados ao perceber sua relação direta com o cotidiano. As pessoas percebem que é preciso ter cuidado ao intervir no meio ambiente, não só porque é bonito mas por uma questão de sobrevivência, explica Cristina.

Leia também...
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br