ISSN 2359-5191

20/09/2002 - Ano: 35 - Edição Nº: 17 - Meio Ambiente - Instituto de Pesquisas Tecnológicas
Cenbio pesquisa alternativa energética para comunidades da Amazônia

São Paulo (AUN - USP) - Suprir, de maneira sustentável, a demanda crescente por energia elétrica em comunidades isoladas na região norte do país. Trata-se do objetivo central do projeto “Comparação entre Tecnologias de Gaseificação de Biomassas Existentes no Brasil e no Exterior e Formação de Recursos Humanos na Região Norte”, sob coordenação do Centro Nacional de Referência em Biomassa (Cenbio) do Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE) da USP. O programa, em parceria com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), conta com financiamento da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

“O diferencial do projeto é seu pioneirismo em buscar uma alternativa de energia viável, adaptando uma tecnologia já existente à realidade dessas comunidades isoladas”, explica Osvaldo Stella Martins, coordenador do programa. Atualmente, o sistema de geração de energia dessas comunidades consiste de um gerador a diesel. Além de ser um combustível fóssil, portanto não renovável e com alto grau de poluição, o diesel tem um custo muito alto para as comunidades, devido às distâncias percorridas no seu transporte.

Para Sandra Apolinario, colaboradora no projeto, os estudos serão realizados para aproveitar biomassa produzida pela atividade da própria comunidade, no caso o cavaco de madeira e as cascas de sementes das plantas nativas murumurú e uricurí. “O sistema vai transformar essa biomassa em um gás, que será misturado ao combustível fóssil na combustão do motor, na proporção de 80% de gás mais 20% de diesel. O que vai acontecer é uma economia sensível no gasto com diesel”, comenta Sandra.

A idéia principal não é a substituição do combustível fóssil, o que traria sérias implicações econômicas para as rotas comerciais da região, e sim a busca de uma alternativa energética renovável e sustentável. O funcionamento combinado do gás mais o diesel possibilitaria inclusive o aproveitamento da estrutura de geração de energia já existente. Stella diz que, como a mistura dentro do motor continua sendo líquida, são necessários apenas alguns ajustes na regulagem da bomba injetora para poder gerar energia, sem maiores adaptações tecnológicas no sistema.

O Cenbio optou por importar o aparelho da Índia, com base nas semelhanças socioeconômicas com o Brasil e, principalmente, pela experiência de décadas dos indianos com gaseificação de biomassa em comunidades isoladas. “Isso é muito vantajoso, pois vamos utilizar a experiência tecnológica deles e adaptar à nossa realidade. Com os resultados das pesquisas, poderemos orientar os fabricantes existentes no país e desenvolver nossa tecnologia, aperfeiçoando os equipamentos nacionais”, conta Stella.

Outra vertente é a formação de recursos humanos que possam operar de forma autônoma os equipamentos gaseificadores. A intenção é capacitar os moradores na operação e manutenção desse tipo de tecnologia e utilizar a proximidade geográfica da Ufam como ponte para a realidade dessas comunidades, assim como para a realização de teste in loco e implantação do sistema em outras áreas da região. “Não queremos explicar os detalhes dos processos químicos envolvidos e sim mostrar como operar em condições ideais de custo e benefício”, argumenta Sandra.

O projeto encontra-se na Fase Um, em que já foram iniciados os processos de compra de dois gaseificadores e o intercâmbio de informações com a Ufam. Em outubro deste ano, os pesquisadores partirão para uma missão técnica na Índia com o intuito de acompanhar os primeiros testes e realizar o treinamento de pessoal em operação e manutenção do sistema. Com a chegada dos equipamentos no país, prevista para dezembro, serão realizados testes no IPT e na Ufam, capacitação de pessoal e finalmente, operacionalização e implantação do sistema nas comunidades.

Mais informações: (11) 3091-2655/2654 ou no e-mail cenbio@iee.usp.br

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