São Paulo (AUN - USP) - Único de grande porte no Brasil, um túnel de vento de camada limite atmosférica, inaugurado recentemente no IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo), permite o estudo das cargas de vento em edificações e estruturas e a análise da dispersão de poluentes no ar. Para isso, os técnicos colocam dentro do túnel um modelo em escala reduzida do objeto avaliado, e então reproduzem as variações da velocidade do vento e as maneiras como ele pode atingir tal objeto.
Segundo o chefe do agrupamento de vazão do IPT, Marcos Tadeu Pereira, esses estudos são imprescindíveis para a segurança de plataformas de petróleo off-shore, heliportos, pontes, edifícios, torres de navios e torres de alta tensão. Apontam possíveis erros e danificações das estruturas e alertam para riscos à população e ao meio-ambiente. Além disso, permitem um maior controle da poluição nos locais.
Outros benefícios do túnel de vento são um melhor aproveitamento do potencial eólico, a partir do estudo dos sítios para fazendas de usinas eólicas, avaliação dos efeitos de queimadas e suas implicações para o meio-ambiente e também contribuições para possíveis melhorias das estradas à beira-mar em regiões de muita areia e vento. “É uma ferramenta a mais para melhorar a qualidade de vida da população”, destaca Pereira.
Além de disseminar a importância deste tipo de estudo no país – são ainda poucas as empresas que têm o cuidado de contratar esse serviço –, o novo túnel diminui a dependência nacional de importação dessa tecnologia (principalmente dos Estados Unidos, Alemanha e Japão). O pesquisador ressalta a importância de estabelecer as referências brasileiras no continente sul-americano, já que Uruguai e Argentina, países onde há muito vento, já desenvolveram essa tecnologia há algum tempo.
O novo aparelho apresenta um potencial de trabalhos científicos e de formação de mão-de-obra muito importante. Tanto que o IPT já possui convênios dentro da USP – com a Escola Politécnica, o Instituto de Astronomia e Geofísica (IAG) e a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) – e até mesmo fora do país, com a Universidade da República do Uruguai. Isso porque o túnel é um aparelho multidisciplinar que reúne diversas capacitações, interessante para profissionais de engenharia mecânica, civil, elétrica e naval, entre outras.
O equipamento brasileiro levou aproximadamente um ano e meio desde a elaboração do projeto até a construção final. O custo, financiado pela Fapesp e pelo próprio IPT, foi de R$ 700 mil. Atualmente o túnel já está operacional, apesar de encontrar-se em fase de testes, e o instituto já negocia ensaios com diversas empresas brasileiras interessadas em contratar o serviço.