ISSN 2359-5191

18/06/2009 - Ano: 42 - Edição Nº: 38 - Sociedade - Escola de Comunicações e Artes
A comunicação é impossível nos meios de comunicação, afirma pesquisador da USP

São Paulo (AUN - USP) - A atual sociedade vive numa incomunicabilidade generalizada, a impossibilidade da existência da comunicação foi o tema da dissertação de Mestrado do filósofo Claudenir Módolo Alves, defendida recentemente na Escola de Comunicações e Artes da USP (ECA). Ele declara: “Os meios de comunicação não nos aproximam, na verdade nos afastam. A incomunicabilidade condena o homem a fechar-se em si mesmo”.

Analisa ainda que a relação “do eu e o outro” é impossível dentro do “Sistema Planetário de Comunicação”. Esse sistema é um termo criado por Claudenir e abarca a sociedade dos meios de comunicação. “E este sistema é o melhor ambiente para proliferar a solidão”. Para que a comunicação seja uma possibilidade é necessário que as pessoas estejam próximas fisicamente, devem ver, sentir e tocar. E mesmo assim, numa relação face a face, a comunicação pode não se efetivar, porque para que esta ocorra é fundamental que os membros do diálogo estejam totalmente abertos ao outro.

O trabalho faz reflexões sobre o homem e a sociedade contemporânea, analisa a relação dos seres humanos com os meios de comunicação e assim questiona se a comunicação é realmente possível. “A tecnologia não é o grande problema”, afirma Claudenir, os meios de comunicação são eficientes, constróem discursos, produzem signos, foram criados supostamente para reduzir as distâncias entre os homens, mas fazem o contrário.

O orientador da dissertação é o professor Ciro Marcondes Filho, que desenvolveu no FiloCom, o Núcleo de Estudos Filosóficos de Comunicação, uma nova teoria da comunicação. É abandonada a ideia de que a comunicação é simplesmente um mensagem passada por um transmissor para um receptor, por um canal. Porque o que foi dito pode não comunicar, apenas sinalizar, pois o interlocutor pode ignorar a informação. A comunicação só ocorre efetivamente quando existe alguma transformação, quando surge algo novo de um diálogo. O dogma de que tudo comunica é portanto, questionado.

“É fundamental estabelecer a passagem entre eu e o outro e é neste horizonte da exterioridade que encontramos o infinito” - diz Claudenir Módolo Alves. Para a professora Marília Fiorillo, da ECA, ele foi muito corajoso em “sair da mesmice” dos discursos sobre a comunicação, relacionar literatura e filosofia e dizer que os meios de comunicação impossibilitam a comunicação. Conforme a pesquisadora do FiloCom, Tarcyane Cajueiro dos Santos: “Claudenir desenvolveu um instrumento teórico para se compreender o atual momento da sociedade e relação desta com a comunicação”.

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