São Paulo (AUN - USP) - Uma série de deficiências envolvendo o transplante de árvores na cidade de São Paulo foi mapeada em trabalho de mestrado apresentado no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) em 2008 pelo engenheiro agrônomo Marcelo Cocco Urtado. A dissertação, além de levantar os principais problemas ocorridos na prática e de identificar as espécies de maior taxa de sobrevivência, também estabelece critérios básicos para que a árvore não pereça durante o transplante.
No campo da silvicultura, chama-se de transplante de árvore a prática da mudança de local de um espécime arbóreo, realizada a partir de uma série de critérios técnicos que garanta sua arquitetura original, bem como seu desenvolvimento em local definitivo. “Trata-se de algo extremamente importante e que, ainda assim, recebe pouca atenção”, diz Marcelo.
Por se tratar de um campo relativamente novo, em termos de prática profissional, o engenheiro identificou que a bibliografia científica sobre o assunto no Brasil era muito escassa e procurou suprir parte dessa demanda. Marcelo ressalta que a regulamentação referente à arborização urbana também é fato recente. “A 1ª lei sobre corte de árvores em São Paulo é de 1987. Faz pouco tempo que o poder público começou a se preocupar com arborização urbana e sua regulamentação”, declara Cocco.
Durante sua pesquisa, Urtado identificou que grande parte das obras que envolviam transplante de árvores o faziam sem qualquer cuidado ou estudo prévio. “O responsável pela obra contrata a empresa mais barata ou deixa na mão dos próprios obreiros”, observa Marcelo,“ O resultado é um trabalho feito sem qualquer cuidado, muitas vezes com a poda integral da copa da árvore. Isso interfere diretamente nas chances de sobrevivência dela”. Além da poda integral, outros erros comuns são o carregamento de árvores em cabos de aço, danificando seu tronco ou ainda a fabricação de um torrão (proteção de terra que envolve a raiz) muito pequeno para o espécime.
Como solução para o problema o engenheiro fala em um aumento da fiscalização e de um maior investimento em educação ambiental. “A situação tem melhorado aos poucos porque a fiscalização aumentou e há multa para obras que não cumprem os critérios básicos estabelecidos pela Secretaria do Meio Ambiente. Mas tem que haver um acompanhamento mais constante pelo poder público durante toda a obra e não só ao final”, conclui Marcelo.