São Paulo (AUN - USP) - Uma palestra sobre envelhecimento e qualidade de vida na terceira idade á oferecida pelo Hospital Universitário da USP (HU) no dia 26 de setembro. Estarão presentes representantes do Ministério da Saúde, do HU, e da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba, que tem experiências inovadoras nos serviços de assistência ao idoso.
No final de 2000 havia 42 milhões de pessoas com 60 anos ou mais na América Latina, em 20 anos a previsão é que esse número salte para 82 milhões de pessoas, segundo dados da Organização Panamericana de Saúde (OPAS). Essa realidade exige um redirecionamento do olhar do governo e da sociedade para a questão do envelhecimento, é preciso criar infra-esturtura de serviços e de saúde para atender à nova demanda.
O problema é que os países periféricos não dispõem de recursos suficientes para proporcionar a qualidade de vida que os idosos possuem em nações de primeiro mundo: “Os países desenvolvidos primeiro ficaram ricos, e depois ficaram velhos. Nós ficamos velhos antes de ficarmos ricos”, lamenta Maria Lúcia Lebrão, superintendente do HU.
A médica será uma das palestrantes de quinta-feira, discutindo os resultados, na cidade de São Paulo, da pesquisa da OPAS sobre qualidade de vida na velhice, feita em oito países latino-americanos. O levantamento denuncia que 71% dos 800 mil idosos que vivem na cidade pagam seus medicamentos do próprio bolso; um gasto que, segundo Maria Lebrão, seria obrigação do Estado. Para a médica, outra medida que faria parte da atuação de um governo responsável seria subsidiar as famílias, que são as que assumem e bancam os parentes mais velhos.
Além de se preparar para o crescimento de doenças crônicas e outras patologias características de idades avançadas, o sistema de saúde precisa melhorar a divulgação e eficiência de benefícios já existentes, como a vacina contra a gripe. Ela está disponível, mas só foi tomada por 56% dos idosos, provavelmente porque muitos têm dificuldade de locomoção. Nesse caso, a assistência se estenderia à necessidade de levar o paciente até o posto de vacinação.
As classes pobres devem ser, naturalmente, priorizadas pelas políticas públicas, visto que são as que mais têm dificuldade de acesso aos serviços de saúde, conclui Maria Lebrão: “Depois que se chega aos 60 anos, a esperança de vida é de 15 anos, o que significa que se a pessoa for pobre, serão 15 anos de sofrimento, e até de debilidade.” Todavia, o número de idosos residentes em favelas é ínfimo, porque a maioria não sobrevive até a velhice.
Uma iniciativa importante do município junto com a USP é a criação de um curso de pós-graduação voltado para o tratamento de idosos. Trata-se de um curso de especialização para profissionais de enfermagem, atento às diferentes necessidades de assistência e abordagem desse paciente especial.O comprometimento do poder público, o envolvimento da sociedade e experiências bem-sucedidas serão discutidos na palestra, que marca a inauguração do curso de especialização da Escola de Enfermagem da USP. O evento acontecerá das 9 às 12 horas no HU, e as inscrições devem ser feitas pelo telefone 30399360.