São Paulo (AUN - USP) - Quais são os critérios fundamentais para ser um bom jornalista? Em recente palestra na Escola de Comunicações e Artes – ECA-USP, Sérgio Xavier Filho, editor da revista Placar, da Editora Abril, destacou três principais peneiras que se deve passar para se tornar um bom profissional. Elas são: saber falar inglês, pensar diferente e ser desconfiado.
“Quem não tem o inglês bom precisa ir atrás mesmo”, disse o jornalista que já trabalhou até com coberturas econômicas. O idioma é fundamental para o profissional que deve estar sintonizado com o mundo das mídias convergentes do século XXI. Sérgio disse que, sem o idioma, não basta só ter (muito) talento, mas também uma grande dose de sorte para conseguir uma boa oportunidade. Além do inglês, um terceiro idioma também facilita muito o caminho para o sucesso na profissão.
A segunda peneira é o pensar diferente, única forma para poder se destacar na profissão, segundo Sérgio. “Todo mundo faz as coisas muito iguais. Quem procura um caminho diferente e mostra isso tem um potencial competitivo enorme”. O jornalista destacou que essa habilidade conta principalmente entre freelancers. As sugestões de pauta mais diferentes que aparecem nas redações são as aceitas.
Em consonância a esse pensamento, o editor do caderno de esportes da Folha de S. Paulo, José Henrique Mariante, também em recente palestra aos alunos de jornalismo da ECA, disse que o jornalista deve ter uma formação básica em vários setores. Ele citou como exemplos membros da sua equipe do caderno esportivo. Ter noções de arquitetura é importante para analisar as condições dos estádios, mercado financeiro para saber como ações de times de futebol funcionam na bolsa e como esse tipo de negociação movimenta bilhões, medicina e psicologia para não ser enganado numa entrevista por uma autoridade médica.
Isso se relaciona com a terceira peneira para o bom jornalista citada por Sérgio Xavier. O repórter tem que ser desconfiado. Não deve simplesmente acreditar no que a fonte diz. O profissional deve ir além e consultar diversas fontes que falem sobre o mesmo tema. Além disso, ser um repórter convergente, que possui habilidades em outras mídias, como internet, rádio e TV. “Conseguir transitar entre várias mídias é golaço”.