ISSN 2359-5191

19/07/2009 - Ano: 42 - Edição Nº: 51 - Saúde - Faculdade de Ciências Farmacêuticas
Pesquisa investiga riscos à saúde do trabalhador exposto a praguicidas

São Paulo (AUN - USP) - Anualmente, cerca de 1 milhão de pessoas são envenenadas involuntariamente e 2 milhões são hospitalizadas em decorrência da ingestão voluntária de praguicidas, de acordo com Organização Mundial de Saúde (OMS). A pesquisa do professor Maurício Yonamine, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP tem como objetivo avaliar a exposição dos trabalhadores de estufas a compostos tóxicos e orientá-los a observar as práticas de Segurança e Saúde do Trabalho, preconizando a utilização correta dos equipamentos de proteção individual.

Yonamine, que faz parte do Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas da Faculdade, explica que os praguicidas compreendem uma ampla gama de substâncias químicas utilizadas para controlar desde a população de insetos até o aparecimento de doenças em plantas. Podem ser classificados pelo modo de uso, como inseticidas, herbicidas ou fungicidas, ou também pelo grupo químico a qual pertencem como uréias, organofosforados e piretróides. A utilização desses praguicidas de maneira incorreta, sem a devida proteção, pode levar a intoxicações e diversas doenças, como leucemia, tumores e os outros cânceres, patologias neurológicas, supressão imunológica, reações que conduzem à asma, alergia alveolar, dermatites, irritações, bem anomalias hormonais e reprodutivas.

Os compostos organofosforados são o objeto de estudo do professor. São tóxicos e amplamente absorvidos pelo corpo humano, através da pele, da respiração e por via oral. Após serem absorvidas estas substâncias interagem com enzimas presentes no corpo humano e causam diversas alterações no sistema nervoso central, digestivo, respiratório, circulatório, ocular, urinário, somático, e também nas glândulas exócrinas.

“A classe dos organofosforados foi escolhida para o estudo pois é a mais tóxica dentre os compostos utilizados como inseticidas”, diz Yonamine. Outro ponto importante lembrado pelo professor é que além da toxicidade desses compostos ser elevada, os organofosforados também são os compostos mais utilizados no Brasil e no mundo. Somente no Brasil eles representam 40% do total de praguicidas comercializados no mercado. “Além disso, a produção de flores e plantas ornamentais, em que os compostos organifosforados são muito utilizados, é um mercado em crescente expansão e não há especificações e legislação específica para a utilização de praguicidas nesse tipo de produção”, comenta o professor.

Yonamine explica que alguns estudos sugerem que os trabalhadores de estufas de flores e plantas ornamentais estão expostos a níveis mais elevados de praguicidas durante o carregamento, mistura e aplicação dos praguicidas, quando comparados a outros trabalhadores. “Nas estufas, qualquer infestação é controlada usando produtos químicos que, devido ao enclausuramento e ajustes das condições do clima, podem prolongar e intensificar a exposição ocupacional”, diz o professor. Isso significa que as condições climáticas são projetadas para otimizar o crescimento da planta, e não necessariamente para proteger a saúde do trabalhador. “A utilização correta de equipamentos de proteção individual, durante, antes e depois da aplicação dos praguicidas, é uma forma de evitar a intoxicação e diminuir a exposição a estes compostos”, afirma Yonamine.

A pesquisa teve início em janeiro de 2009, e já ocorreram visitas às principais regiões produtoras de flores e plantas ornamentais na região metropolitana do estado de São Paulo. Yonamine conta que o grupo já realizou levantamento de dados sobre tipo de plantas e flores produzidas, tipo de praguicidas utilizados, horas trabalhadas, utilização de equipamentos de produção individual e freqüência da aplicação de praguicidas. “Até 2011 realizaremos novas visitas para acompanhamento da rotina de trabalho e aplicação desses compostos, coleta de amostras de ar, de urina dos trabalhadores, defesa da dissertação e confecção de artigos científicos”, finaliza o professor.

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