São Paulo (AUN - USP) - As novas fronteiras exploratórias nas águas ultra-profundas da Bacia de Santos foram encontradas de forma inesperada. É o que conta a geóloga e representante técnica da Petrobrás Mariela Martins em palestra no Instituto de Geociências (IGc- USP).
A Petrobrás adquiriu blocos de exploração na Bacia de Santos no ano de 2000 e, até 2004, não havia encontrado reservas significativas de petróleo e gás natural. O planejamento de perfurações, feito com base em um modelo de turbiditos sedimentares encontrado em regiões de formação geológica semelhante à do local, estava levando a poços secos. Pressionados pelo prazo de devolução dos blocos à Associação Nacional de Petróleo (ANP), só conseguiram resultados relevantes após apostar na perfuração abaixo do sal.
Mais que resultados relevantes, a descoberta do petróleo abaixo da camada de sal – o famoso pré-sal – culminou em uma onda especulatória de natureza política e econômica, que ainda gera controvérsias. Na palestra, ao ser questionada sobre dados econômicos das novas fronteiras, a representante da Petrobrás preferiu não se pronunciar.
A perfuração encontrou outros desafios, como conta Mariela. Atravessar a seção evaporítica, como é chamada a camada de sal, foi um exemplo deles. Devido à sua espessura (cerca de 2000 metros), a camada poderia fechar-se antes da conclusão da perfuração – como foi o caso do Golfo do México. Outra sorte da equipe de exploração: como o sal era frio, ao contrário do caso mexicano, isso não ocorreu.
O pré-sal foi formado durante o afastamento da América do Sul e da África, que ocasionou uma rápida evaporação de águas oceânicas e resultou no resíduo de sal a camada de sal. O pós-sal, encontrado acima dessa camada e visionado antes da descoberta da Bacia de Santos, já era explorado antes da descoberta do pré-sal (localizado abaixo da mesma), mas não tinha qualidade menor que este.