São Paulo (AUN - USP) - O uso da areia como barreira física anti-cupins subterrâneos é o alvo da pesquisa de Mestrado da bióloga Sílvia Regina Gomes de Toledo, apresentada no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Entre seus principais objetivos estavam encontrar um intervalo granulométrico que se mostrasse eficiente em barrar tais insetos, dentre os tipos de areia mais comercializados no Brasil, e suprir a falta de literatura científica brasileira sobre o assunto.
Os cupins subterrâneos (Coptotermes gestroi) apresentam grande capacidade de dispersão e se adaptaram muito bem às áreas urbanas, que abrigam ambientes favoráveis à sua instalação. Esses insetos são uma séria praga, pois causam danos consideráveis a fundações de prédios, estruturas de madeira etc, provocando grandes gastos em reparos e tratamentos. Já existem diversas maneiras de controle de cupins como o uso de barreiras químicas e métodos biológicos, sendo as barreiras físicas um segmento relativamente novo e não aplicado no país.
Uma barreira física consiste na utilização de materiais que bloqueiem a passagem dos cupins, isolando sua área de ação. Na Austrália e na Europa já são utilizadas barreiras feitas de tela de aço ou vidro moído e, outros materiais, como coral moído, estão em fase de testes. No Brasil, não há fabricação comercial de barreiras físicas, e a literatura científica sobre o assunto praticamente inexiste. “Esse tipo de pesquisa tem um certo custo e por isso acaba sendo restrita”, declara Sílvia.
O método de controle mais disseminado é o tratamento químico das peças de madeira em contato com a alvenaria e no solo ao redor da edificação a ser protegida, o que forma uma barreira química. “Sua vantagem é que eliminam os insetos assim que entram em contato como produto”, diz a pesquisadora. Mas sua tese defende que tais barreiras são prejudiciais ao homem, ao meio ambiente e que, depois de algum tempo de uso, perdem a eficácia, uma vez que a praga vai se tornando resistente.
No caso específico do Coptotermes gestroi, o uso da barreira química é ainda mais questionável, uma vez que tais insetos não constroem um único ninho, mas uma rede de ninhos (secundários e terciários). “Os inseticidas normalmente atingem as peças de madeira que servem como alimento para os cupins, e assim que os insetos percebem que determinado alimento está contaminado, eles o bloqueiam o acesso ao local, buscam novos pontos para alimentação e o ninho continua a funcionar normalmente", explica Sílvia. Dessa forma, as barreiras físicas aparecem como uma alternativa eficaz e ecológica para a contenção dos insetos.
No caso específico da areia, o principal desafio era encontrar o intervalo granulométrico ideal para barrar o avanço da praga: as partículas devem ser ou grandes demais para serem manipuladas pelos cupins ou pequenas demais para que eles não possam penetrar nos espaços entre as mesmas. Nos estudos feitos em laboratório, a pesquisadora verificou que o intervalo mais eficaz seria o de partículas entre 1,70 mm e 2,40 mm de diâmetro.
“Agora o desafio é testar as barreiras em campo”, diz Sílvia. “A idéia é que, no futuro, as barreiras físicas venham a substituir as químicas”, conclui a pesquisadora.