ISSN 2359-5191

04/10/2002 - Ano: 35 - Edição Nº: 19 - Saúde - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP
Disciplina propõe visão menos preconceituosa sobre drogas

São Paulo (AUN - USP) - Uma nova disciplina optativa do curso de Enfermagem da USP, “Drogas Psicotrópicas: Prevenção e Redução de Danos”, busca relacionar melhor o estudante com o tema “drogas”, já que pesquisas indicam que a informação existente baseia-se muito na ideologia dominante do combate às drogas, da punição. O objetivo é deixar de tratar o dependente como sendo um caso perdido e introduzir a abordagem da redução de danos no controle do uso. “Um dos grandes problemas no campo da atenção à saúde é o preconceito com relação ao usuário de drogas. As pessoas têm um conhecimento baseado no senso comum e isso não pode prevalecer na formação de um profissional”, declara a professora Cássia Baldini Soares, responsável pela disciplina ao lado da professora Célia Maria Sivalli Campos.

As aulas pretendem tratar o problema como sendo social, refletir sobre os aspectos políticos e econômicos envolvidos. A droga é sintoma de um mal-estar contemporâneo pois o sujeito não consegue cumprir o papel social determinado pelo sistema e procura outra forma para resolver as suas frustrações. Porém, a sociedade prefere se desfazer desse grupo a admitir que o problema é na sua estrutura, que ela não tem condições de comportar todos. “O curso tenta contextualizar um pouco essas questões que normalmente não são discutidas. Na mídia, existe o “Diga não às drogas” ou se compara o usuário a um abobalhado e isso é totalmente contraproducente”, explica a professora Cássia.

A perspectiva de redução de danos procura encarar o uso como uma realidade e pensar projetos que diminuam os riscos que podem estar associados a ele. No campo das drogas lícitas, por exemplo, aconselha-se que não se dirija após beber. Entretanto, numa sociedade em que se pleiteia o combate às drogas ilícitas isso não pode acontecer. Substituir uma droga que causa dependência por outra que não causa e que tenha efeitos similares é um tratamento recomendado como redução de danos, pois todo passo dado em função de uma vida mais saudável é bem vindo. Isso é aceito em vários lugares do mundo. Na Holanda, por exemplo, há a venda controlada de maconha.

A disciplina também se preocupa em construir uma abordagem que não seja tão preconceituosa. Normalmente, o dependente é tratado pela sociedade como um sujeito desmoralizado e sem recuperação, é uma categoria em que não existe a possibilidade de se levar uma vida de qualidade. Entretanto, essa pré-disposição não pode influenciar um profissional da área de saúde, por exemplo, no momento de escolher entre atender um usuário de drogas com overdose ou uma pessoa com uma dor no peito. “Acho que a gente não vai deixar de ter preconceito, mas é necessário saber lidar com ele para não prejudicar uma pessoa que está usando drogas”, afirma a professora Cássia.

O conhecimento científico sobre as drogas também é passado para os alunos. As psicotrópicas agem no Sistema Nervoso Central e alteram o comportamento, sendo divididas em depressoras, estimulantes e pertubadoras. Outros temas abordados durante o semestre são a Aids, como um dos prejuízos que podem advir do uso de drogas, e quem usa drogas no Brasil, um estudo epidemológico.

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