São Paulo (AUN - USP) - Estudo apresentado em palestra no Instituto de Geociências (IGc-USP) revela a pouca importância dada ao ensino de Geologia em faculdades de Engenharia Civil. A palestrante Andrea Furegatti, engenheira civil e doutora pela USP, afirma também que não há padronização sobre o conteúdo geológico que deve ser ensinado ao graduando de Engenharia Civil.
Dentre os problemas curriculares abordados pelo estudo, evidenciou-se a pequena quantidade de temas e uma tendência a ensinar mais Geologia Geral que Aplicada. Dentre as faculdades que contém Geologia Aplicada no currículo, nem todas abordam o estudo de solo, importante em projetos de obras.
Essas falhas implicam em falta de entendimento entre profissionais em uma obra, que pode resultar em erros de projeto ou degradação ambiental. Segundo a engenheira, “o conteúdo geológico desempenha papel relevante na formação do engenheiro civil: está relacionado à capacidade do engenheiro interagir com outros profissionais e ter uma visão técnica, social e humanista sobre o impacto ambiental das obras de Engenharia”. Além da questão de consciência ambiental, ela ressalta o caráter profissionalizante e os novos caminhos que a geologia poderia abrir aos graduandos.
A falta de Geologia, segundo ela, pode ser entendida não apenas como falta de discussão desse aspecto na estrutura do curso, como também uma questão econômica. A manutenção dos cursos (sobretudo laboratórios) de Geologia é cara, sendo esse um dos motivos pelo reduzido número de faculdades dessa área – a maioria das universidades que o oferece é pública.
O estudo ouviu também sugestões de especialistas para a melhora da grade. Dentre os apontamentos, encontra-se a separação dos conteúdos básicos e aplicados em matérias distintas, a serem dadas em diferentes momentos do curso.