São Paulo (AUN - USP) - A tendência dos jornais é que se tornem “menores do ponto de vista da forma e mais analíticos do ponto de vista do conteúdo”, segundo Otávio Frias, editor-chefe da Folha de S. Paulo, em palestra na Escola de Comunicações e Artes – ECA/USP.
Ele explica que a redução do tamanho se deve à falta de tempo dos leitores e ao alto custo do jornal para os jornais. “Um terço das despesas da Folha e, acredito, de outros jornais de porte semelhante é relativo a material (papel e tinta) e distribuição. Um jornal menor diminuiria esse custo”.
Já sobre se tornarem mais analíticos seria porque os jornais não são mais responsáveis por dar a notícia, o novo – a internet e a televisão fazem isso com muito mais eficiência. Assim, ele deve oferecer algo a mais para os leitores, no caso uma análise mais aprofundada do que os outros meios conseguem fazer. “Na média, os jornais têm profissionais com nível intelectual superior aos da TV, rádio e internet, e devem aproveitar isso”.
Quanto à já desgastada discussão sobre o fim do jornalismo impresso, Frias diz que, apesar de ser impossível prever com exatidão, a supremacia dos impressos ainda deve durar algum tempo e quando acabar, meios impresso e virtual devem coexistir. “O teatro foi inventado há 2500 anos e não acabou com a invenção do cinema. Com a imprensa deve ocorrer algo semelhante”. Ainda ponderou que “a internet e as novas tecnologias de comunicação abrem possibilidades incríveis, mas também têm muitos problemas, como o da responsabilidade. Não há como responsabilizar alguém pelo que escreve em um blog ou site, não há nem como identificar quem escreveu, muitas vezes. E assumir a responsabilidade pelo que escreve é um fator determinante para o bom jornalismo desde o século XIX”.