ISSN 2359-5191

23/09/2009 - Ano: 42 - Edição Nº: 61 - Sociedade - Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas
Crítica retoma abordagem existencial da obra machadiana

São Paulo (AUN - USP) - Na esteira do centenário da morte de Machado de Assis, completados em 2008, dentre as mais variadas homenagens realizadas no Brasil e no Exterior, foi organizado o “3º Encontro Machado de Assis: balanço e perspectivas de um centenário” nos dias 31 de agosto e 1º de setembro na Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras (FFLCH) da USP.

De acordo com o professor Hélio Guimarães, um dos organizadores do evento, o objetivo foi fazer um balanço e refletir sobre as contribuições da série de eventos e publicações comemorativas para os estudos machadianos, bem como delinear as perspectivas abertas por eles. Outra expectativa consiste em reunir ensaios, artigos e resenhas produzidos por pesquisadores interessados na obra machadiana para o dossiê “Machado de Assis: balanço e perspectivas de um centenário”, com lançamento previsto para dezembro desse ano.

A abertura do encontro contou com a presença do crítico literário e professor de literatura brasileira da USP, Alfredo Bosi, um dos mais prestigiados nomes da crítica literária ao lado de Antônio Cândido. A abordagem existencial deixada de lado pela crítica nos anos 40 foi considerada o ponto alto da bibliografia que vem sendo lançada sobre o autor de Dom Casmurro e Memórias Póstumas de Brás Cubas, em virtude dos 100 anos de sua morte, com especial destaque aos embates entre paixão e consciência.

Bosi elencou algumas das últimas publicações da obra machadiana, focando-se preferencialmente nas crônicas do escritor, cuja importância, segundo o professor, decorre do seu caráter documental. “A crônica machadiana detém-se na política miúda, possui historicidade documental e é de extremo interesse para pesquisadores” afirmou.

Jovem Machado e gênero literário
Bosi ressaltou o papel de Machado como cronista do Segundo Império e sua atuação como jornalista político junto ao Congresso Nacional, discorrendo sobre a coletânea intitulada “Notas Semanais”, organizada pela professora da Lúcia Granja, da Universidade Estadual Paulista (Unesp). “Nessa fase da carreira do escritor, houve quem o aconselhasse moderação em seus discursos e crônicas políticas, cujos alvos eram atos e figuras do governo imperial.”

O professor mencionou também o livro publicado em 2007, Riso e Melancolia, de autoria de Sérgio Paulo Rouanet, que se concentra na correspondência particular do jovem escritor, por volta de 1860. “A vida cultural dessa década é decisiva para a formação literária do jovem Machado”. Em uma das correspondências contidas no livro, o romancista José de Alencar introduz o poeta Castro Alves a Machado de Assis. Em outras delas, é possível identificar o que Bosi denomina “divisão das esferas particular e pública” no cotidiano do escritor, já que, ao contrário de suas manifestações nas crônicas políticas, é notável sua preocupação com a preservação de sua vida pessoal nas cartas particulares.

Bosi indica, por fim, novos estudos em torno dos mais variados aspectos e gêneros, selecionando algumas publicações que debatem os intertextos e as questões de gênero literário na obra do escritor. O professor destacou o livro Olhar oblíquo do bruxo, de Marta de Senna, idealizadora do 3º Encontro de Machado e pesquisadora da Fundação Casa de Rui Barbosa. Sobre a possibilidade de se definir um gênero para Machado de Assis, Bosi afirmou ser de fato impossível, ou o mesmo que procurar a “quadratura de um círculo”.

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