São Paulo (AUN - USP) - Durante debate sobre a estrutura de poder na USP, realizado no anfiteatro do Departamento de Geografia, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), professores convidados se propuseram a dar indicativos atuais para o movimento estudantil. Uma das propostas foi a do historiador Carlos Guilherme Mota que defende eleições paralelas para reitor. Essa ação, segundo Mota, serviria para mostrar a insatisfação da comunidade universitária com o atual processo de escolha de representantes.
A greve do primeiro semestre de 2009 na Universidade iniciada pelo Sindicato dos Funcionários da USP (Sintusp), só obteve uma resposta mais significativa da comunidade universitária após a entrada da Polícia Militar no campus, o que gerou não só uma crise quanto à representatividade da instituição, como também travou as negociações entre as categorias. Com o rescaldo da greve, os alunos dos cursos de História e Geografia organizaram, entre os dias 25 e 28 de agosto, a “Semana de debates: Memórias, Realidades e Movimentos” para discutir questões que surgiram durante a paralização.
No primeiro dia, além de Carlos Guilherme Mota, o debate sobre a estrutura de poder na USP contou com a participação do geógrafo José Pereira Neto Queiroz, entre outros docentes. Na ocasião, Queiroz e Mota fizeram um breve histórico sobre as lutas do movimento estudantil na USP na busca de uma formulação das principais questões atuais. O historiador contextualizou o significado para o movimento estudantil da transição ocorrida entre o antigo prédio na Maria Antônia, no centro de São Paulo, para a formação de departamentos no campus do Butantã, uma fragmentação que, segundo Mota, dificulta a organização do movimento estudantil até hoje. Queiroz, por sua vez, disse que é preciso pensar no atual contexto histórico para ver até onde o movimento estudantil pode ir.
Na quarta-feira, 26, um painel sobre a Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), foi apresentado pelo professor César Augusto Minto, professor da Faculdade de Educação (FE) da USP vinculado à Associação dos Docentes da USP (Adusp). Segundo ele, existem muitas pessoas bem intencionadas no projeto, mas o que se questiona é o discurso e a forma de imposição do projeto. Minto diz que o problema sobre a falta de professores não será resolvido com a formação de mais profissionais, mas sim com uma política de valorização da profissão.
O último dia de debates foi marcado pela troca de experiências entre diversos movimentos sociais, incluindo o Sintusp e o Diretório Central de Estudantes (DCE) da USP. Estiveram presentes integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), Terra Livre, Rua São Jorge (Gaviões da Fiel) e Passe Livre. O principal tema da discussão foi a repressão policial, sobretudo, a que causou uma confusão entre grevistas e policiais em junho desse ano. O episódio ganhou os holofotes da grande mídia durante confronto que durou quase 80 minutos no campus. Por isso, segundo os militantes, agir em conjunto aos estudantes, seria a melhor forma de dar visibilidade às questões sociais.