ISSN 2359-5191

28/09/2009 - Ano: 42 - Edição Nº: 63 - Sociedade - Escola de Comunicações e Artes
Peça de aluno da ECA traz elementos dos reality shows

São Paulo (AUN - USP) - Após temporada no Teatro Laboratório do Departamento de Artes Cênicas da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, o Projeto Canastra, trabalho de conclusão de curso do aluno Diogo Spinelli, estreou no dia 19 de setembro, na Praça Roosevelt, centro da capital. A peça utiliza elementos dos reality shows para criar um clima de interação entre o público e os dez atores participantes, cinco homens e cinco mulheres.

O funcionamento do processo do espetáculo é elaborado e segue um formato inovador. Dez textos de autoria de outra estudante, Catarina São Martinho, foram distribuídos aos atores ou “competidores”, que deveriam elaborar, individualmente, dez cenas a partir deles. Nos dias de apresentação, havia um sorteio definindo um texto para cada um dos “competidores”. Com base nas encenações apresentadas, o público votava e eliminava um candidato.

O diretor explica que sempre se preocupou com a questão do jogo na linguagem teatral, a qual vem sendo desenvolvida desde a sua primeira peça, A Idade da Ameixa (2007). Cena, revelação do artifício, aproveitamento do espaço de cena como um leque de possibilidades, escolha, perder ou ganhar e atores mesclados aos personagens são aspectos que voltaram de forma ainda mais radical no Projeto Canastra. “Ao aprofundar a pesquisa formal, encenando uma peça-jogo tendo como ponto de partida uma competição entre os atores, a similaridade e o flerte com o universo dos reality shows foi inevitável”, diz Spinelli.

Além da presença de figuras como a “Canastrete”, que não pode falar, e o “Diretor-Crupiê”, interpretado pelo próprio Spinelli, existe também as diferentes personas, representação dos atores que competem no palco. “Acredito que o aspecto mais difícil dos ensaios tenha sido a criação das personas de cada ator-jogador, que é essa reelaboração vista em cena do ator como personagem de si mesmo e que não corresponde ao ator-real, apesar de conter aspectos inerentes a ele”.

No elenco, há participantes de diversos lugares, e não apenas da ECA, o que, de acordo com o diretor, enseja cenas mais individualizadas e diferenciadas, fator essencial para o jogo. “Há pessoas com as quais eu já trabalhei ou convivi, que me despertaram simpatia e que, a princípio, demonstraram possuir energia cênica. Posso dizer que o que todos esses atores tem em comum é principalmente o fato de arriscar-se a adentrar nesse jogo e topar encarar essa proposta que para eles é muito cruel, afinal de contas trata-se de um jogo no qual a interpretação deles e a exposição deles enquanto ‘indivíduos’ estão em julgamento público o tempo inteiro”.

O diretor explica que os ensaios eram divididos em duas partes: os individuais, em que se trabalhava as dez cenas de cada participante isoladamente, sem que nenhum dos outros tivesse conhecimento do que se passava e os ensaios em que todos estavam presentes e se desenvolviam elementos como a transição entre as cenas.

Para aumentar a interação entre público e jogo, a peça foi “levada” também do palco para a Internet. “O blog e a comunidade no Orkut, para além de um espaço de divulgação, servem como ferramentas de continuidade e expansão do espetáculo fora do seu tempo-espaço”, explica Spinelli. “Além disso, como tratamos de uma semi-realidade, ou ainda de uma realidade borrada, nesses espaços virtuais, os co-jogadores do público podem trocar scraps tanto com os atores que se interpretam a si mesmos, como com os personagens fictícios, por exemplo, o Diretor-crupiê e a Canastrete, além de acompanhar outros seguidores do projeto”.

Em relação à segunda temporada, na Praça Roosevelt, devem acontecer mudanças relevantes, já que o espaço onde a peça é encenada diminuirá. Assim, haverá mais proximidade entre os atores e o público, que será formado por no máximo 60 pessoas, aumentando, percentualmente, o peso de cada voto. “Se perdemos em termos de ‘espetaculariedade’, ganhamos em noção de intimidade”, relativiza Spinelli. “Fora isso, os atores-jogadores descartados não mais ficarão na platéia, e acompanharão a peça sob outra função, bem como os operadores de luz e som, que irão se tornar personagens desse espaço fictício/real”.

Projeto Canastra - 2ª Temporada.
De 19/09/09 a 10/11/09.
Sábados às 21:00 horas e domingos às 19:00 horas.
Miniteatro. Praça Roosevelt, 108.
Ingressos: R$ 20,00

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