ISSN 2359-5191

11/10/2002 - Ano: 35 - Edição Nº: 20 - Educação - Faculdade de Educação
Professores não têm respaldo para trabalhar multiculturalismo na escola

São Paulo (AUN - USP) - O multiculturalismo, que teve seu estudo intensificado na década de 90, ainda não conseguiu chegar às salas de aulas. Apesar das pesquisas produzidas na área, os professores não possuem respaldo para trabalhar com a diversidade cultural nos ensinos fundamental e médio. Esta questão, inserida no próprio estudo de diversidade cultural e hibridismo, foi o tema do seminário “Currículo e Multiculturalismo”, que aconteceu nesta quinta, dia 10, na Faculdade de Educação da USP.

Segundo Antonio Flávio Moreira, professor da UFRJ que ministrou o seminário, existem duas linhas visíveis na academia em relação ao multiculturalismo. A primeira é composta por um grupo que pensa em termos de movimentos sociais (a questão do negro, da mulher). Apesar de se preocupar com a escola, este grupo, que já possui uma experiência acumulada, tem o foco fora da escola, em questões mais políticas (como mudanças na legislação).

A segunda linha, formada por grupos de pesquisa como o de Moreira, pensa o multiculturalismo na escola, no currículo, na formação dos professores. Mas, no Brasil, este trabalho ainda está começando. “Não existe, em nenhum curso de pedagogia, a preocupação com a atuação mais multicultural do professor. O que existe são algumas escolas e professores que fazem um trabalho muito bom, apesar das dificuldades. É uma pena que a universidade ainda não respalda”, afirma Moreira.

O multiculturalismo consiste em trazer a diversidade cultural existente na sociedade para ser discutida no currículo escolar. Nessa diversidade cultural incluem-se negros, migrantes e imigrantes, movimentos (organizados ou não), e todos os grupos sociais, que têm suas características próprias.

“A tendência histórica do currículo é homogeneizar, a partir de um conjunto de conhecimentos que a escola julga necessários para a formação dos alunos. Mas esses conhecimentos não consideram essa diferenciação, essa pluralidade dos grupos”, afirma Cecília Hanna, professora de pós-graduação da Faculdade de Educação da USP, que ministra a disciplina “história do currículo e das disciplinas escolares”.

Para Cecília, essa homogeneização pode produzir um currículo distante da realidade do aluno. É como se a escola falasse outra língua, que ele não consegue entender. Uma forma de começar a solucionar o problema seria abrir oportunidades, no currículo, para trabalhar com a diversidade cultural. Poderia-se trabalhar com música, dança e até história.

Por parte dos professores, há uma sensibilidade para o problema. Eles sentem essa multiplicidade cultural presente na escola, e alguns já estão conseguindo trabalhar isso através de atividades culturais. Mas ainda falta preparo, segurança dos professores, respaldo e conhecimento. “Em termos institucionais, não há um movimento”, conclui Cecília.

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