São Paulo (AUN - USP) - Os apneicos são mais propensos à disfunção erétil, mas devem tomar cuidado com a pretensão de solucionar o problema a partir do uso de Viagra. A apnéia, dificuldade respiratória apresentada por alguns homens durante o sono, pode piorar com o uso do medicamento, segundo Sérgio Tufik, professor do Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e coordenador do Centro de Estudos do Sono (Instituto do Sono), um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). A pesquisa do Instituto do Sono ainda está em desenvolvimento e foi apresentada no seminário “A importância do sono”, realizado no Instituto de Química (IQ) da USP.
Devido à má respiração, o apneico acorda constantemente durante o sono, o que o impede de atingir satisfatoriamente a fase REM (Rapid Eyes Movement), momento responsável pelos sonhos e também por “treinar” o pênis para a reprodução através da ereção noturna. A partir de testes realizados em ratos, descobriu-se que o Viagra dificulta ainda mais a atividade respiratória dos apneicos, o que contribui para a diminuição da capacidade erétil.
Durante sua apresentação no IQ, Tufik alertou para o fato de 46% dos homens possuírem a síndrome da apnéia. O número foi descoberto em pesquisa recentemente realizada na cidade de São Paulo com 1.042 voluntários diagnosticados pelo instituto. Do total de participantes, ficou constatado que o percentual de incidência na população paulista saltou de 2%, em 1992, para 38% em 2009. No levantamento, chegou-se à conclusão de que o hormônio feminino protege as mulheres da doença, as quais representam apenas 26% dos casos e o percentual aumenta quando elas entram na menopausa, fase em que a produção hormonal diminui.
Entre os voluntários analisados, descobriu-se também que 49% dos homens roncam e que 67,5% das mulheres têm insônia.”Se um homem que ronca resolve casar com uma mulher que tem insônia, e a probabilidade de que isso aconteça é muito alta, será uma tortura para os dois”, alerta Tufik. “Portanto, essa questão precisa fazer parte dos exames pré-nupciais”, sugeriu, acompanhado de risos da platéia.