ISSN 2359-5191

18/10/2002 - Ano: 35 - Edição Nº: 21 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Pesquisas Tecnológicas
Novo sistema protege pontes e embarcações

São Paulo (AUN - USP) - Com o intuito de proteger pilares de pontes em rios contra acidentes e colisões de embarcações, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) do Estado de São Paulo, na USP, desenvolveu um sistema flutuante de proteção. O dispositivo, único no mundo, é específico para rios de grande profundidade e que tenham uma distância estreita entre os pilares. É o caso da Hidrovia Tietê-Paraná, onde o número de acidentes desta natureza foi reduzido a zero desde a instalação do sistema, que atualmente já está disponível para o mercado.

Segundo o chefe do Agrupamento de Hidrovias e Tecnologia Naval do Instituto, Carlos Daher Padovezi, o projeto consiste em colocar na frente do pilar um corpo flutuante ancorado a diversas amarras de náilon. A grande inovação com relação a sistemas já existentes em outros países é a aplicação de bolinas desenvolvidas no próprio IPT – estruturas planas de aço presas ao casco do módulo flutuante.

Dessa forma, a energia da colisão da embarcação contra o pilar é absorvida pelo deslocamento do corpo flutuante, pela elasticidade das amarras de náilon e pelo freio dado pelas bolinas. Depois disso, dificilmente o pilar é danificado. Aliás, os pilares das pontes não são projetados para suportar colisões de embarcações – geralmente corpos com massa da ordem de três mil toneladas –, mesmo que sob baixas velocidades. A energia envolvida no choque é muito grande. Porém, o risco dessas colisões é muito alto. Outra inovação deste sistema é a colocação de defensas de madeira na parte interna e frontal do corpo flutuante. Elas protegem o pilar contra raspões e auxiliam as embarcações em eventuais correções de rota.

O IPT desenvolveu o sistema após ser contratado, em 1996, pela então Diretoria de Hidrovias da Companhia Energética de São Paulo (CESP) para reduzir os acidentes na Hidrovia Tietê-Paraná. A equipe do Agrupamento chefiado por Padovezi estudou então as alternativas. Devido às características de grande parte da hidrovia, elaboraram um novo modelo, já que nenhum dos outros dois dispositivos de proteção usados no Brasil para pequenas profundidades seria adequado para todas as pontes em questão. O sistema de “ilhas”, que consiste na acumulação de material ao redor do pilar, deve ser usado quando a distância entre os pilares é grande; do contrário pode obstruir a passagem. Outro mecanismo muito comum, o “dolfin” é uma coluna de concreto fincada ao solo, em frente ao pilar.

Comparado a esses dois sistemas fixos de proteção, o dispositivo flutuante causa menos danos às embarcações que colidem e tem um custo bem mais baixo, além de ser um mecanismo que pode ser removido facilmente. Por outro lado, requer uma certa manutenção: as amarras devem ser reguladas de tempos em tempos – geralmente duas vezes por ano –, quando há uma variação considerável do nível da água do rio.

Padovezi afirma que há uma norma do Ministério dos Transportes inadequada e tecnicamente questionável para o vão de pontes de rios. Explica que é preciso sempre considerar não só a largura da embarcação mas também seu comprimento, porque ambos influem no momento das manobras. A norma federal, no entanto, considera somente a largura, critério há muito tempo ultrapassado. Por isso as pontes mais antigas têm uma distância menor entre os pilares. “É preciso adaptar as embarcações às hidrovias, e não o contrário”, resume o engenheiro naval.

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