São Paulo (AUN - USP) - O clima do Vale do Ribeira (SP) era mais úmido em meados do século 17. Essa é a conclusão de uma pesquisa feita por geólogos e químicos da USP que analisaram a terra do fundo de uma lagoa no Parque Estadual Turístico do Alto do Ribeira.
"Na história da terra, o clima muda naturalmente", diz Sonia Barros, que coordenou a pesquisa no Instituto de Geociências da USP. "Os sedimentos são testemunhos do ambiente em que se formaram. Sabendo a data e analisando-os é possível reconstituir o clima". Entender as variações climáticas do passado pode ajudar cientistas a diferenciar quais alterações do clima atualmente são normais e quais resultam da ação humana.
As variações climáticas nos últimos mil anos foram leves, porém deixaram sua marca. Para estudá-las, os pesquisadores retiraram uma coluna de terra de 1,72 m do fundo da lagoa e compararam sua composição química com a do solo. Eles dividiram a coluna de solo em três pedaços visivelmente diferentes.
A porção do meio, correspondente a um período entre 730 e 360 anos atrás, tinha altas concentrações de minerais que estavam em regiões mais profundas, como o potássio, bário e césio. Concluíram que na época em que aquela porção do solo foi formada havia mais erosão – sinal de chuva. O período particularmente mais úmido foi há 400 e 320 anos. A pesquisa não quantificou a quantidade de chuvas da época.
O estudo foi o primeiro feito no Brasil a relacionar a química de sedimentos de fundo de lagoa às mudanças ambientais que ocorreram no último milênio. Os cientistas estudaram uma lagoa numa área completamente inacessível porque ela é um ambiente calmo, distante da poluição humana e que recebe sedimentos das regiões mais altas do entorno.
Apesar de saber como deveria ser o clima há mil anos, os geólogos não conseguem explicar o que causou as mudanças - isso é tarefa para meteorologistas.