São Paulo (AUN - USP) - Com financiamento da Petrobras no valor de um milhão de reais, o Centro de Pesquisa de Nanotecnologia do Instituto de Química (IQ) da USP está desenvolvendo soluções para o pré-sal. Henrique Eisi Toma, professor do instituto, afirmou que o grupo investe principalmente em pesquisa de anticorrosivos para equipamentos, encanamentos e tubulações, protagonistas na extração do petróleo da camada pré-sal.
Segundo dados da Petrobras, a distância entre a superfície do mar e os reservatórios de petróleo abaixo da camada de sal pode chegar a mais de 7 km, o que aumenta o risco de corrosão nos equipamentos. Toma explica que a pesquisa usa nanopartículas, uso de nanotecnologia a partir da manipulação de moléculas que, segundo o professor, são as menores máquinas biológicas existentes.
Toma ressalta que outro grande problema é o fato de 70% do petróleo permanecer preso em buracos nanométricos – medida um milhão de vezes menor do que um milímetro - em rochas, como arenito ou calcário, após a extração. “Existe um grande desafio hoje, para se encontrar uma maneira de mudar as estruturas das rochas para tirar o petróleo ou passar uma ideia que arranque o petróleo que sobrou que é a maior parte do petróleo”, diz. “Então, o pessoal está estudando muito a sério como fazer isso e nós também.”
Projeto de envergadura
O professor, no entanto, afirma não ser possível fornecer mais detalhes, pois a pesquisa ainda não foi concluída e os resultados devem ser patenteados. Pesquisas anteriores, porém, devem servir tanto para a atual extração de petróleo como para a que se pretende realizar em alguns anos. “Nós estamos com um projeto de envergadura, tentando ajudar a Petrobras, tanto na parte de acompanhamento, remediação, modificação de superfície e também na parte de exploração – mas isso ainda é um sonho”, disse.
O ferrofluido, por exemplo, é um líquido com nanopartículas dispersas que funciona como lubrificante. “É um lubrificante muito bom, útil na perfuração de poços para extração de petróleo, porque é um excelente trocador de calor”, afirma Toma. O professor destaca ainda que o líquido é natural e biocompatível, o que livra a natureza de qualquer impacto indesejado. “Além disso, ele pode ser acrescido no petróleo para estudos do petróleo, transporte e difusão”, afirma.
Uma solução mais eficiente para remediar vazamentos de óleo no mar está prestes a se tornar patente, segundo Toma. Trata-se de nanopartículas magnéticas com alto poder de absorção que reúnem o óleo disperso através da aproximação de um ímã. “Hoje, se passa todo o volume do líquido pelo filtro que só remove partículas. No nosso projeto, o poluente é aderido à partícula, então ele é removido completamente. Pela rapidez de ação do produto, a ação dos poluentes é diminuída”, compara o professor. “Em termos de custo-benefício é mais vantajoso que os materiais utilizados hoje para resolver os mesmos problemas”, afirma.
Segundo o professor, o maior custo da nanotecnologia vem dos instrumentos utilizados para desenvolver os produtos. O microscópio confocal, que utiliza um laser potente para que o pesquisador consiga visualizar uma região nanométrica, foi doado pela estatal. “O nosso microscópio custou quase um milhão e foi doado pela Petrobras e com esse material a gente desenvolve teses, pesquisas, não só para a Petrobras.”