São Paulo (AUN - USP) - Nanopartículas magnéticas desenvolvidas pelo Instituto de Química (IQ) da USP podem melhorar e baratear os exames de ressonância que identificam tumores no corpo. Segundo Henrique Eisi Toma, professor responsável pela pesquisa, a realização de exames, feita com um ml – equivalente a 50 gotas – do material usado atualmente, custa US$ 1.700. “A gente produz quase de graça e o material que a gente compra para isso, nem se compara, é um bilhão de vezes melhor”, diz. Cada nanopartícula possui diâmetro menor que 30 nanômetros - medida um milhão de vezes menor do que um milímetro.
Toma afirma que materiais magnéticos aumentam em milhares de vezes o contraste da ressonância nuclear da tomografia e que basta colocar uma quantidade mínima desse material para produzir uma imagem de “altíssima” precisão e resolução. Até o momento, a descoberta ainda está em processo de pesquisa, mas o professor diz que o produto resultante deve estar disponível no mercado em breve.
As nanopartículas, desenvolvidas pelo instituto em parceria com o Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FMUSP), também possuem a capacidade de reconhecer e manipular células, o que pode ser outra alternativa para o tratamento de tumores. Toma explica que às nanopartículas são acoplados anticorpos que reconhecem antígenos específicos, como o tumoral. Após o reconhecimento, a partícula marca magneticamente a célula do tumor. Através de um ímã, é possível separá-las das células saudáveis, o que facilita o isolamento.
O professor destaca ainda que a técnica pode facilitar o extermínio dos tumores sem causar danos às células saudáveis. “Modifica-se a nanopartícula de maneira que ela reconheça um tumor e, quando ele [o tumor] gruda na nanopartícula, tudo o que se tem de fazer é aplicar uma pequena radiofrequência, como no microondas. Somente a nanopartícula absorve [a radiofreqüência], portanto, apenas as células tumorais morrem”, explica Toma.
Segundo Toma, as nanopartículas são vulgarmente conhecidas como “nano-robôs”. De forma semelhante ao que se espera de um robô, as nanopartículas possuem inteligência, são programáveis e podem ser manipuladas. “Mas não tem nada de perninha”, alerta o professor.
Além do imageamento (produção de imagens, como no caso dos exames de ressonância nuclear) e da cura, a medicina está se associando à nanotecnologia para a realização de diagnósticos e transporte de medicamento. “No futuro, é isso aqui que vai revolucionar a medicina, coisa que nós estamos fazendo”, afirma.