São Paulo (AUN - USP) - Os professores Dennis de Oliveira e Luciano Barros Maluly, ambos do Departamento de Jornalismo, ministrarão um curso de duração de cinco dias (7 a 11 de dezembro) com o objetivo de se estudar o jornalismo popular e alternativo. As aulas dão seqüência aos trabalhos iniciados no ano passado após o lançamento do Grupo de Pesquisa em Jornalismo Popular e Alternativo (Alterjor), criado pelo fato de “esse tipo de debate ser muito pequeno na ECA”, de acordo com Dennis.
“Notamos que a discussão ia muito pelas experiências que tínhamos, faltando mais conceituação sobre o que é jornalismo popular e alternativo”, explica o professor. “Além disso, as tecnologias possibilitaram o surgimento de ‘novos protagonistas da mídia’, como no caso Uniban, que ganhou repercussão pela filmagem que um aluno fez (de um grupo de estudantes tentando agredir uma moça que usava saia curta), pautando a grande mídia”.
Dennis trata ainda da questão do financiamento, normalmente restrito às mídias independentes. “Isso é mais grave ainda no impresso, com o problema da distribuição, que exige uma logística caríssima. No Brasil, existe hoje o monopólio da distribuição de periódicos por parte da Abril. Mas há experiências interessantes, como a do movimento sindical, que lançou recentemente a revista Brasil e utiliza a própria estrutura sindical para a distribuição”.
Ele explica ainda que existe grande preconceito por parte dos anunciantes em relação às mídias alternativas, geralmente “mais engajadas politicamente”. “Como há uma posição política já explícita, fica o temor de associar a empresa ao engajamento político”. E, como ressalta o professor, muitas vezes há a vontade de se pautar o veículo.
Em relação à possibilidade de se patrocinar as mídias independentes por vias estatais, Dennis argumenta que, no Brasil, a discussão acerca da diferença entre Estado e governo ainda não está muito desenvolvida. “O dinheiro do Estado não é dinheiro do governo, é público. Seria justo se essas mídias tivessem acesso a isso, para garantir a pluralidade de vozes na mídia. Mas o que ocorre, normalmente, é uma privatização do Estado pelo governo”.
O professor enfatiza ainda que o objetivo do curso não é negar os veículos hegemônicos de comunicação, mas suscitar uma discussão acerca do jornalismo que possibilite pensar também a grande mídia. “Até que ponto essa prática consagrada que eu tenho de jornalismo é a única possível ou a mais adequada. Não posso fazer diferente? Por exemplo, fizemos um estudo sobre as fontes que os veículos usam. Analisamos a Veja e outros periódicos semanais no período das eleições americanas do ano passado. Quase 70% das fontes usadas eram oficiais, mesmo quando havia correspondentes internacionais. Já nos jornais alternativos, havia a procura por outras fontes também”.
Inscrição:
Onde – Departamento de Jornalismo e Editoração (ECA – USP).
Como – Apresentar CIC, RG, comprovante de escolaridade (graduado ou graduando) e Curriculum Vitae para seleção (há limite de 50 participantes) até o dia 19.
Mais Informações: http://www.eca.usp.br/cultexte/cursexte/cje.asp