ISSN 2359-5191

26/11/2009 - Ano: 42 - Edição Nº: 89 - Meio Ambiente - Instituto de Química
Tinta branca é alternativa de energia limpa

São Paulo (AUN - USP) - Uma nova aplicação de nanopartículas de óxido de tântalo, elemento presente na tinta branca, surge como alternativa para a produção de energia limpa, renovável e de baixo custo. É o que revela uma pesquisa conduzida pelo grupo de Nanotecnologia do Instituto de Química (IQ) da USP. Responsável pela descoberta, o professor Henrique Eise Toma afirma que, com esse material, é possível transformar folhas, vidros e paredes em produtores de energia. “Posso colocar isso num vidro, numa janela, jogo luz e minha janela produz eletricidade a um custo baixo”, afirma.

Chamada de foto-eletroquímica, a técnica consiste em estimular as nanopartículas com luz natural. “Bate luz na nanopartícula de óxido de tântalo e ela produz elétrons”, explica Toma. “Basta a nanopartícula de dióxido de tântalo, as móleculas que a gente inventa para produzir nanopartículas e toda uma montagem para funcionar direitinho como se fosse uma célula, mesmo. Põe luz, produz corrente. E a eficiência já é razoável”, confirma o professor.

A capacidade de responder a vários comprimentos de luz permite que as células foto-eletroquímicas gerem portas lógicas, base da computação. A característica possibilita a criação de computadores muito mais velozes, baratos e com menor impacto no meio ambiente. “Isso pode ser usado para a eletrônica do futuro: um computador acionado por luz. Só que luz é muito melhor do que elétrons – a base de funcionamento dos atuais computadores – porque possui a velocidade da luz, a mais rápida que existe. E luz é abundante, é barata, não é poluente”, afirma Toma sobre a aplicação que ainda não passa de um conceito.

A pesquisa rendeu ainda aplicações na área de decoração, já que a mesma célula que absorve luz e produz eletricidade pode funcionar inversamente e emitir diversas cores. “Você quer que a janela da sua casa fique azul?”, questiona o professor. “Aplica uma voltagem e ela fica azul. Com isso, é possível fazer divisórias e ambientes”, responde. “Esse efeito arquitetônico a gente desenvolve aqui no laboratório.”

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