ISSN 2359-5191

01/12/2009 - Ano: 42 - Edição Nº: 92 - Sociedade - Escola de Comunicações e Artes
Defesa da literatura fantástica marca apresentação

São Paulo (AUN - USP) - A descrição do papel do editor e a defesa da literatura fantástica no geral marcaram o encontro Uma conversa sobre literatura de terror, que teve a presença de Gianpaolo Celli, da Tarja Editorial, e Adriano Fromer Piazzi, da Editora Aleph. O debate foi promovido pela ComArte, empresa júnior de Editoração da Escola de Comunicações e Artes (ECA-USP).

Em primeiro lugar, Celli, editor e escritor, rebateu as críticas de que a literatura de terror possa ser caracterizada como “escapismo”. “É uma crítica genérica e sem noção da realidade. Toda literatura é escapismo. Se alguém lê um romance açucarado, é porque busca algo que não há no seu cotidiano. Com ação, mistério, aventura também é assim. Um lado nosso busca o contato com o desconhecido. A literatura de terror trabalha muito com isso”.

Nesse sentido, Piazzi enfatizou que há um envolvimento muito grande por parte dos leitores com as obras de horror. Ele citou como exemplo “Alma e Sangue”, título publicado por sua editora e que suscitou reações do público como a filmagem de um clipe para a “Internet”. O diretor editorial da Aleph, fugindo do tema “terror” especificamente, procurou defender ainda a literatura fantástica “menor” como um incentivo à leitura, que pode levar aos clássicos como, por exemplo, Edgar Allan Poe e George Orwell. “Há gente lendo que jamais havia pegado um livro na mão. O grande benefício desses ‘best-sellers’ é esse. ‘Todo mundo está lendo O Código da Vinci, então tenho que ler”.

“Livro é produto”
Em relação à função do editor, a questão colocada foi como se dá o processo de escolha para a publicação ou não de uma obra e houve concordância em torno da idéia de que se deve pensar no mercado, mas considerando também a qualidade do trabalho. “Acaba-se desenvolvendo o amor pela coisa. Você vê um texto ruim pela frente e sabe que até vai vender, mas acaba optando por não lançar”, disse Piazzi.

Celli complementou argumentando que a publicação de qualidade valoriza a marca da editora. “Quando começamos a Tarja, a idéia era justamente colocar boa literatura no mercado. Assim, se alguém vê um lançamento, pensa ‘bom, é a Tarja. Eu sei que eles não colocariam coisa ruim para vender’”. No entanto, de acordo com ele, “livro é produto” do texto à capa, não sendo possível pensar apenas na chamada “arte”, muitas vezes hermética e não clara por causa de falhas do artista.

Ainda na questão do mercado, Piazzi ponderou que, além da qualidade e do que querem os leitores, há um terceiro elemento a ser considerado, o “livreiro”. “Hoje a maior livraria é a Saraiva, com mais de cem lojas. Se o vendedor decide que seu livro não é legal, ele pode não dar certo por isso”.

Nesse ponto, Celli tratou da relação editor-escritor. “É claro que eu tenho preferências, se eu disser que não, é mentira. O editor não é uma máquina. Quando eu leio, vejo se a história é interessante, se tem linearidade, se chama à atenção. Caso isso não aconteça, converso com a pessoa. Mas já vi casos em que o escritor nem sequer revisou o texto depois de pronto”. Além disso, ele disse notar que, “infelizmente”, os autores têm lido cada vez menos.

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