São Paulo (AUN - USP) - Três livros voltados para geólogos e engenheiros civis foram lançados no Instituto de Geociências (IGc) da USP, recentemente. O evento foi uma parceria do IGc com o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) e a ABGE (Associação Brasileira de Geologia de Engenharia), que publicou os volumes. Depois de perceber a demanda por publicações da área, a ABGE tem destinado a elas parte de seu orçamento, com o apoio de outras instituições privadas.
“Tecnologia de rochas na construção civil” e “Os solos da cidade de São Paulo – histórico das pesquisas” são boletins técnicos, distribuídos anteriormente aos sócios da ABGE. A terceira publicação, “Geologia de Engenharia: conceitos, métodos e práticas”, tema de palestra no IGc em agosto, foi apresentada pela primeira vez.
Ely Borges Frazão, autor de “Tecnologia de rochas”, explica que o livro surgiu a partir da constatação da falta de uma bibliografia específica sobre o assunto. Estudantes de graduação e pós que procuravam auxílio no IPT para trabalhos ou pesquisas encontravam as informações dispersas. O livro pretende dar desdobramento àquilo que sempre foi só um capítulo nos livros sobre materiais de construção, facilitando a vida dos estudantes e profissionais interessados. Como referências, ele teve obras de engenheiros cariocas e sua experiência em quase 40 anos de IPT.
Referência mundial em mecânica dos solos, o professor Milton Vargas reuniu em seu histórico da investigação geológica da bacia de São Paulo conhecimentos de mais de 50 anos de trabalho. Além da interpretação do autor quanto à formação da bacia, o livro mostra como ela se tornou conhecida. Em tabelas, apresenta as camadas da bacia do ponto de vista geotécnico e suas propriedades.
Vinte problemas e suas soluções a partir da geologia de engenharia são apresentados por Álvaro Rodrigues dos Santos em “Geologia de engenharia”. Segundo Álvaro, a metodologia do conhecimento científico, que ele aprendeu com Vargas, é fundamental. É preciso adotar parâmetros geológicos e não de engenharia, afirma o autor. Ele ressalta também a importância de publicações que transmitam aos estudantes os conhecimentos da “geração de ouro” da geologia de engenharia (que participou das grandes obras nos anos 60 e 70). Com a aposentadoria dessa geração e o aumento de consultorias estrangeiras, a geologia de engenharia brasileira, uma das melhores do mundo, corre o risco de se perder.