ISSN 2359-5191

01/02/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 99 - Sociedade - Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas
Professor discute o Parangolé, de Oiticica, em palestra na USP

São Paulo (AUN - USP) - Pouco depois de um mês após o incêndio na casa da família do artista plástico Hélio Oiticica, que destruiu grande parte de sua obra, o professor de História da Arte, Paulo Trevisan, discursou para a platéia que participava do Seminário de História da África e Diáspora Africana no Departamento de História da USP, retomando a importância de uma das obras mais famosas do artista plástico brasileiro: o Parangolé.

Trevisan, que leciona na Faculdade Paulista de Artes e na Unicastelo (Universidade Camilo Castelo Branco), afirmou ser o Parangolé um programa de vanguarda, de inovação e ruptura, relacionado com o debate internacional pós década de 50. O termo tem em sua origem uma gíria carioca, cujo significado é despojamento, não comprometimento ou não significância. “Trata-se de uma capa, para ser usada sobre o corpo, que permite a ação e o movimento, para quem dança e quem samba, para que possa existir uma vivência do indivíduo”, afirmou Trevisan.

O Parangolé surge da relação de Oiticica com a Escola de Samba Mangueira e de sua aproximação com as camadas populares. Segundo Trevisan, a arte brasileira até os anos 50 ligava-se ao pensamento racionalista europeu, constituindo-se de uma arte fria, quase matemática, cujo objetivo era a forma pela forma. Hélio Oiticica começou sua carreira assim, depois foi se afastando até aprofundar-se em uma proposta de quebra do rigor formal artístico. “Sua preocupação era em como tornar a cor ativa, como libertá-la, dessa maneira, afasta-se da arte de ateliê e prega a desintelectualização do trabalho”, afirmou Trevisan.

Em sua busca pelo mito, pela cor e pela dança, resulta o Parangolé, um elemento de revolta, de indisposição com um sistema padronizado de arte e, em seu caso, de defesa de uma cultura dos marginalizados. O trabalho de Oiticica pode ser considerado também ilustrativo da mestiçagem da população brasileira, já que não representa o negro em si, e sim a vivência do artista extraindo do popular para se chegar à idéia de um povo miscigenado. “Não é preciso ser colocado[o Parangolé] como uma representação direta do negro e sim como um elemento sintético bastante significativo” explicou Trevisan.

Leia também...
Nesta Edição
Destaques

Educação básica é alvo de livros organizados por pesquisadores uspianos

Pesquisa testa software que melhora habilidades fundamentais para o bom desempenho escolar

Pesquisa avalia influência de supermercados na compra de alimentos ultraprocessados

Edições Anteriores
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br