São Paulo (AUN - USP) - “É preciso tratar com cuidado os números em pesquisas: “as estatísticas são uma informação, mas não a única. Elas não salvam o mundo”. A citação é do professor Alceu Ravanello Ferraro, que ministrou a palestra “A Importância da Pesquisa Estatística na Educação”, na Faculdade de Educação(FE) da USP. Os objetivos da apresentação eram mostrar à comunidade acadêmica a importância e os limites das pesquisas estatísticas sobre educação. Em clima bem-humorado, o professor Ferraro apresentou e interpretou diversas estatísticas para os ouvintes, se tratando principalmente de alfabetização, sua especialidade.
Na palestra, Ferraro mostrou algumas falhas de interpretação frequentes. Segundo ele, é sempre necessário prestar atenção à forma como as perguntas nos sensos são feitas e avaliar com cuidado a validade dos documentos analisados. “As estatísticas são um problema permante: você tem sempre que se perguntar o quanto ela é confiável, o quanto ela é representativa”.
O professor exemplifica isso na prática quando mostra os dados sobre analfabetismo no Brasil. Segundo ele, a forma como a pesquisa é feita abre espaço para erros – o entrevistado apenas responde, muitas vezes pela família inteira, se eles sabem escrever. “como não saber ler e escrever pega mal, ele pode estar dizendo uma inverdade para não se sentir humilhado”.
Porém, a possibilidade de erro nas estatísticas não é motivo para jogá-las fora. Na palestra, o professor explicou que nenhuma estatística consegue ser 100% fiel à realidade, mas é uma poderosa arma para ajudar em políticas de intervenção e planejamento na educação. O segredo para utilizá-las, segundo Ferraro, é trabalhar criticamente: “Você tem que trabalhar as estatísticas com senso critico, sabendo que elas têm limites”, finaliza.