ISSN 2359-5191

05/02/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 103 - Educação - Faculdade de Educação
Pesquisadores da USP inovam ensino em escola da Zona Leste

São Paulo (AUN - USP) - “A cultura diz que criança pobre bagunceira não aprende, e não é verdade. A criança pobre bagunceira aprende, se ela vê interesse naquilo que está aprendendo. E a escola de hoje é desinteressante”. Essa é a conclusão do projeto de pesquisa “Escola do Possível: a reorganização curricular na Escola Pública”, da professora da Faculdade de Educação (FE) da USP, Sônia Castellar, que buscava uma reforma curricular no ensino da escola pública no brasil.

A pesquisa foi contra a concepção estagnada da educação pública de hoje, e provou que é possível uma mudança na didática escolar.

O projeto começou em 2005, quando a direção da escola Anísio Teixeira, localizada no conjunto habitacional José Bonifácio, em Itaquera, na Zona Leste, entrou em contato com a professora convidando-a para desenvolver atividades com as crianças. “A ideia era aumentar a autonomia que os alunos tinham com os professores”, ela conta.

Depois de dois anos de estudos e pesquisas, o projeto começou efetivamente: focado na exploração dos espaços não formais da escola, como o pátio, biblioteca, horta, laboratórios, além de excursões, oficinas e atividades interdisciplinares, sempre buscando o interesse dos alunos pelo conhecimento.

“A escola, do jeito que ela está montada, não faz a diferença na vida do aluno. Eles não vêem importância nenhuma nela. E quando a gente estava lá atuando, eles gostavam da aula, porque as aulas eram diferentes”, diz a professora.

Sônia teve ajuda de voluntários mestrandos e doutorandos da FE e alunos da iniciação científica, além de cerca de dez professores selecionados da própria escola. As atividades foram das mais variadas no decorrer dos três anos do projeto: uma visita ao museu do futebol permitia, por exemplo, relacionar a escolha do país-sede da Copa do Mundo com a situação política atual, estudar a física e tecnologia dos equipamentos esportivos, escrever redações sobre os jogos e, para a aula de artes, fazer caricaturas dos jogadores.

O objetivo era sempre buscar a interdisciplinaridade dos temas e o incentivo à autonomia e pensamento crítico dos alunos. “Essas palavras que todo mundo fala que é moda, senso-comum, jargão educacional, a gente percebia que lá acontecia na prática mesmo”, conta Sônia. O projeto deu certo, segundo a professora, justamente por desafiar o aluno, fazer ele pensar. O resultado foi positivo: além da aprovação expressa das crianças, foi possível ver uma melhora significativa no processo de aprendizagem e fixação de conteúdo.

Ampliação da iniciativa
Para a professora, a expansão do projeto para outras escolas é possível, mas enfrentaria dificuldades. A mudança teria que vir em duas frentes, da direção e dos professores: da parte dos professores, seria necessária uma formação continuada de qualidade, com atualização constante. E, segundo a professora, a USP teria um papel importante nessa formação: com uma política de extensão universitária eficiente, fazendo uma parceria com a Secretaria de Educação para levar o conhecimento produzido dentro da FE para as escolas públicas. Do outro lado, as direções das escolas também precisariam abrir espaço para aulas menos tradicionais. “O diretor deveria ser uma liderança dentro da escola. Diretor ausente, autoritário, ou que então só cuida da burocracia, aí não tem jeito”.

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