ISSN 2359-5191

09/02/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 107 - Economia e Política - Escola de Comunicações e Artes
Lógica de ações modifica mercado editorial

São Paulo (AUN - USP) - A financeirização dos grupos midiáticos foi motivo de debate entre alunos da Escola de Comunicações e Artes – ECA/USP, profissionais da área de editoração e o professor Jean-Yves Mollier. Ocorrido recentemente no Auditório Freitas Nobre, no Departamento de Jornalismo e Editoração (CJE), o seminário “Cultura e mercado editorial” trouxe à USP uma reflexão sobre as estratégias dos grupos de comunicação no alvorecer do século 21 e sobre a crescente concentração dos meios midiáticos.

Professor de História pela Université de Versailles Saint-Quentin-en-Yvelines (UVSQ) e diretor do Centro de História Cultural das Sociedades Contemporâneas, Mollier aponta um momento de transição no mercado editorial ao final do século 21. O monopólio industrial, caracterizado pela lógica das fusões e dos conglomerados midiáticos, foi sendo substituído pela financeirização acelerada dos grandes grupos de comunicação a partir dos anos 1980. “A emergência dos fundos de pensão e investimento colocaram o acionista numa posição de força. Como resultado, as empresas de comunicação modificam sua estratégia para manter os preços dos títulos de ações em alta”, explica Mollier. Essa mudança, para o historiador francês, foi decisiva para orientar a política editorial dos grupos midiáticos. “As vendas e revendas procedem hoje a partir de uma visão puramente comercial, e não apenas de conglomerados em busca de poder e de controle sobre a informação.” O historiador Aníbal Bragança, professor da Universidade Federal Fluminense – UFF/RJ e debatedor do seminário, concorda: “O que temos hoje são managers, homens de negócios, e não editores. Isso leva à orientação das editoras para o best-seller, qualquer que ele seja.”

Mollier destaca também o papel da ideologia na globalização editorial, usando como exemplo a política de cooperação com distribuidores de fast-food praticada pela The Walt Disney Company em busca de produtos que simbolizem um mundo globalizado. Enquanto um desenho animado estreia no cinema, as crianças já podem adquirir as personagens do filme no seu Mc Lanche Feliz. “A financeirização econômica do planeta combate todas as vontades globais e individuais”, complementa.

A principal responsável pela desestabilização do modelo econômico que conhecemos hoje, segundo Mollier, é a entrada do mundo digital na sociedade contemporânea. “Modelos catastróficos anunciam o fim do livro impresso em 2018, ano em que acabariam os jornais e os papeis. O crescimento exponencial dos eletrônicos no mercado, principalmente o nascimento do mp3, na música, originaram toda essa instabilidade no meio impresso”, afirma o historiador. Neste estágio cognitivo alcançado pela internet, é o mundo irreal dos bens imateriais, o mundo da especulação intelectual que rege as estratégias das empresas de comunicação.

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