ISSN 2359-5191

10/02/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 108 - Sociedade - Escola de Comunicações e Artes
Oficinas de texto ajudam a formar cidadãos

São Paulo (AUN - USP) - “Existe um preconceito no Brasil de que as pessoas não gostam de ler. Isso não é verdade”, comenta Frederico Barbosa, diretor executivo do Museu da Língua Portuguesa e da Casa das Rosas, durante a terceira noite da Semana Redigir 10 Anos, ocorrida recentemente na Escola de Comunicações e Artes (ECA/USP).

Para ele, o que falta no país é investimento no aprendizado da escrita, cenário que só será modificado quando as pessoas tiverem a consciência de que, assim como qualquer outra prática artística, é preciso estudar para escrever. O debate “Língua Viva: a língua portuguesa e sua relação com o cotidiano, a cultura e a cidadania” também contou com a presença de Cristiane Maia, professora de redação, e Karen Kipnis, coordenadora do Projeto Escrevivendo.

Tema motivador do encontro, o projeto consiste em oficinas de leitura e escrita no Museu da Língua Portuguesa de São Paulo e tem como objetivo preparar os alunos para o exercício da cidadania. “Não havia nenhum curso para que as pessoas se apropriassem da linguagem escrita como cidadãos”, afirma Frederico, relembrando a obra Vidas Secas, em que Graciliano Ramos apresenta a linguagem como instrumento do cidadão contra as forças opressoras.

Para Karen, coordenadora do projeto, o primeiro passo para se aprender a escrever é reconhecer que ninguém nasce sabendo. “Começamos o Escrevivendo desmitificando o ato da escrita. Escrever não é um ato espontâneo. É preciso ter uma motivação ou prática social para isso”. Frederico concorda: “Não acredito em talento, nem em inspiração, nem dom. Acredito em trabalho, esforço, entender alguns mecanismos e trabalhar com eles. As pessoas acham que escritor nasce pronto. Mas a palavra se treina, se domina”.

Sabendo disso, os professores do Projeto Escrevivendo têm como objetivo criar o contexto para o aluno se sentir motivado a escrever. Cristiane Maia, que já foi professora de redação do Projeto Redigir, parte da mesma abordagem para lecionar seus alunos. “Vale motivar o que leva a pessoa a se relacionar com a linguagem”, diz Cristiane. Para Frederico, que já deu aulas de redação em escolas e cursinhos, as pessoas passam a escrever melhor quando percebem o valor da palavra. “Vejo muitas pessoas fazendo oficina de poesia e querendo que o aluno escreva como elas mesmas. É importante fazer com que o aluno encontre sua própria forma de escrever. O ‘gostar’ da poesia faz com que a pessoa passe a cuidar da linguagem”, complementa. Resumindo, nas palavras de Frederico, o professor tem que ser poliglota em sua própria língua.

As oficinas de texto do Projeto Escrevivendo são ministradas aos sábados, das 10h30 às 13 horas, no Museu da Língua Portuguesa. Existem outras oficinas de texto no local, que se tornou referência em seu papel cultural e é hoje o museu mais visitado do Brasil, com uma média de público de 50 mil pessoas por mês.

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