São Paulo (AUN - USP) - Pacientes idosos são mais propensos a adquirir lesões de pele durante cirurgias cardíacas, aponta uma dissertação de Mestrado apresentada na Escola de Enfermagem da USP. A pesquisa, conduzida pela enfermeira Geisa Carneiro, teve por objetivo medir a incidência de pacientes que desenvolvem ou adquirem lesões de pele na sala de operação.
Ao todo, foram analisados 182 processos cirúrgicos ocorridos num hospital público de São Paulo. Os trabalhos consistiram em exames no paciente antes do início da operação, além da coleta de dados durante a cirurgia, e após o seu término, quando o paciente era novamente examinado. Fatores relacionados ao ambiente cirúrgico e à monitoração intraoperatória também foram incluídos nos estudos, além das características dos próprios pacientes.
Calculou-se um total de 42 lesões, causadas pelas mais diversas intervenções cirúrgicas, como aquelas características de abrasões (lesões causadas por atrito na pele), feridas incisas e queimaduras elétricas. Tais lesões são incidentais, ou seja, indesejadas durante o ato operatório, mas podem ocorrer em qualquer procedimento cirúrgico. “Caso ocorram, o próprio hospital no qual o paciente está internado se responsabiliza para o mais rápido restabelecimento dessas lesões”, explica Geisa. No trabalho apresentado por ela, a maioria dos ferimentos encontrados foi superficial, mas dependendo de sua profundidade e extensão pode-se precisar, inclusive, de uma nova intervenção cirúrgica.
A pesquisa constatou que a idade elevada do paciente constitui um fator de risco para que ocorram tais lesões; estão também no grupo de risco indivíduos cujo processo operatório exigiu o uso de equipamentos como transdutor e desfibrilador. Porém, essa não é a única conclusão da dissertação de Geisa. “A pesquisa demonstrou que a assistência de enfermeiros durante o intraoperatório fez uma grande diferença no cuidado com o paciente. Apesar de ser uma amostra considerável, pesquisamos somente um tipo de público e por sorte, de um hospital onde há uma preocupação com o cuidado do paciente no intraoperatório. Talvez se essa pesquisa fosse feita num hospital menos favorecido, os dados poderiam ser diferentes”, afirma a enfermeira.
Outro mérito da dissertação é o fato de gerar um grande número de questionamentos a respeito dos mais diversos âmbitos. Por ser uma pesquisa inédita no Brasil, pode contribuir para diversas áreas da saúde, além de gerar questionamentos em diversos âmbitos, como, por exemplo, a formação dos profissionais de saúde e a criação de políticas públicas de saúde que favoreçam os procedimentos de internação e intervenção cirúrgica em unidades do Sistema Único de Saúde, o SUS. Segundo ela, as questões suscitadas pelo trabalho dependem do ponto de vista e da área de atuação do leitor.
Geisa pretende dar continuidade aos estudos na área do intraoperatório, que ainda é incipiente no país. “Eu e minha orientadora já temos um planejamento para dar continuidade a essa linha de pesquisa. O assunto nos trouxe somente o início de uma longa jornada de estudos. Ainda há muito o que se pesquisar nessa área”, comenta ela.