São Paulo (AUN - USP) - O uso de novos meios tem sido um aliado no ensino de Bioquímica no Instituto de Química (IQ) da Universidade de São Paulo (USP). Coordenadas pelo Prof. Bayardo B. Torres, algumas linhas de pesquisa relacionadas ao ensino dessa área fazem uso de softwares desenvolvidos por alunos de pós-graduação do departamento.
Como outros projetos de pesquisa, a elaboração dos softwares tem a finalidade de atenuar ou resolver um problema específico. “É um projeto de pesquisa que obedece aos rigores dessa área. A gente não desenvolve o software porque é bonitinho, mas o software a ser desenvolvido pretende resolver um problema de aprendizado de bioquímica”, diz Bayardo.
Os principais problemas que esses softwares têm ajudado a resolver se referem à visualização de processos dinâmicos e complexos dentro das células. Bayardo explica que “as figuras estáticas, por exemplo, não permitem boa visualização. Há fenômenos que ocorrem numa célula que são muitos e ao mesmo tempo. Então, uma série de figuras estáticas não mostra o dinamismo do processo”.
Outra possibilidade que esses programas de computador oferecem é a interatividade. As vantagens sobre vídeos e imagens são notórias. “Um software desse tipo pode conter ferramentas que permitem o usuário interferir no processo. Se eu fizer isso, se eu fizer aquilo, o que ocorre? O aluno pode interferir ali como se estivesse no laboratório testando hipóteses”, exemplifica o professor.
Após sua aplicação em campo, os eventuais problemas que aparecem são testados. Do teste são obtidos dados que serão usados para correção. Esses programas geram uma publicação científica, chamada de paper, e são disponibilizados gratuitamente em um portal na internet para quem quiser utilizar. “Temos um portal que chama Biblioteca Digital de Ciências, onde depositamos todos esses softwares. Podem ser usados online ou baixados. Digamos que os que estão disponíveis são as versões acabadas”. Os pesquisadores obtêm retorno dos usuários desses programas. Para utilizá-los, os usuários devem fazer um cadastro, que tem finalidade estatística. Além disso, é pedido que o material publicado seja apreciado e avaliado.
Outra linha de trabalho que usa a informática é o estudo de características do ensino à distância mediado por computadores. “Ainda é para nós um processo novo. O que é ensino à distância? Como se faz, o que funciona e o que não funciona. É possível fazer aprendizado colaborativo como a gente faz presencialmente para alunos que estão fisicamente separados?”. Essas são questões que pretendem ser respondidas pela pesquisa. Muitos projetos já geraram dissertações de Mestrado e teses de Doutorado dentro dessa área, que também podem ser encontrados na Biblioteca Digital de Ciências.
O ensino à distância foi um assunto recorrente em 2009 na USP. Foi debatido pelos candidatos à reitoria e pelos estudantes da Universidade. O principal argumento contrário foi a estrutura proposta por esse tipo de graduação. No Departamento de Bioquímica, o professor diz que as únicas disciplinas à distância oferecidas foram optativas para alunos de instituições como a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e para professores da Rede Pública de Ensino.