ISSN 2359-5191

07/04/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 02 - Educação - Faculdade de Educação
Colóquio discute a educação do corpo na atualidade

São Paulo (AUN - USP) - O saber do corpo já não é mais considerado um saber. A escola atual é feita para o intelecto, esquecendo que o corpo também é uma parte importante da nossa saúde. “A escola ensina sobre o mundo e não com o mundo”, diz João Francisco Duarte Júnior, docente da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que está no magistério há 39 anos, e é uma referência para se pensar arte e educação no Brasil, segundo o Marcos Ferreira Santos, professor-coordenador do Lab Arte. O Laboratório Experimental de Arte-educação & Cultura, da Faculdade de Educação da USP, promoveu recentemente o colóquio “A montanha e o videogame (corpo e educação)”, durante o primeiro Pensarte 2010, no seu quarto ano de ciclos de colóquios e saraus.

O professor compara realidades distintas: antigamente, as crianças brincavam em parques e tinham contato com a natureza. Hoje é tudo diferente, e esse contato com a terra, por exemplo, já não existe mais. Essa distância corporal do mundo natural é anestesiante. Criou-se uma obsessão por uma limpeza exagerada do corpo e a criança já não pode se sujar. “Limpeza em excesso é danoso ao corpo”, diz o professor.

“A montanha e o videogame (corpo e educação)” é uma alusão a um dos ensaios feitos para seu novo livro, ainda não lançado. O nome vem do contraste entre duas infâncias: a antiga, em que a diversão era subir em morros e brincar de correr, e uma outra, atual, conectada ao computador e ao videogame. A grande questão gira em torno da diferença entre essas infâncias, criadora de uma relação também distinta com nosso corpo.

João Duarte discute pontos importantes, enfatizando como a relação com o nosso corpo é constituída pela mídia, principalmente pela publicidade. Segundo ele, atualmente há um uso cada vez menor do corpo, pois esse se tornou um aborrecimento, um estorvo. O valor que é vendido é o do conforto, símbolo de maior status. Na época pós-moderna, chega-se a uma conclusão inconsciente: o menor uso do corpo é melhor.

Esse conforto excessivo na nova geração tem consequências cada vez mais presentes, como a obesidade infantil. Esse seria um dos extremos do tratamento do corpo: um corpo subempregado e inútil. O professor pauta ainda o outro extremo, que é o do corpo espetáculo, ou seja, o corpo como centro do eu. Há a imitação do estilo de vida dos personagens da moda e com isso surgem outras doenças, como as bulimias e as anorexias.

Para João Duarte, educação estética é educação estésica, ou seja, percepção sensorial, logo é uma educação do corpo. “A educação estética vai além da arte”, diz ele. A arte-educação é uma parte dessa educação estética. O perigo, como dito anteriormente, é essa arte-educação tornar-se apenas um conhecimento intelectual. “O corpo é fundamental numa educação estética e estésica”, diz João Duarte. Para ele, deve-se estabelecer um equilíbrio entre a montanha e o videogame.

No dia 29 de março, às 18 horas, na Faculdade de Educação, ocorrerá o primeiro sarau aberto do Pensarte 2010. O evento tem como proposta a exposição e o compartilhamento de criações e talentos de alunos, professores e funcionários.

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