São Paulo (AUN - USP) - O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), na USP, adquiriu, em 2010, o primeiro equipamento da América Latina para testar a permeabilidade do ar em tecidos para air bags. O motivo da compra foi a lei brasileira 11.910, que alterou o artigo 105 do Código de Transito Brasileiro e estabeleceu a obrigatoriedade do elemento de segurança air bag em todos os carros da frota nacional até 2014.
O IPT importou o equipamento da Suíça com o objetivo de suprir a futura demanda da indústria automotiva por aprovar os tecidos de seus air bags: “Vislumbramos um mercado e vimos uma necessidade tecnológica por testes que antes não existia”, explica Eraldo Maluf, diretor do Centro de Têxteis Técnicos e Manufaturados do IPT. Além disso, por ser o único do tipo na América Latina, países vizinhos também poderão solicitar testes: “A gente fez a compra também visando o MERCOSUL”, afirma o diretor.
Atualmente, em torno de cinco por cento dos carros possuem o elemento de segurança, mas ele é produzido no exterior. Com a nova lei duas possibilidades se delineiam no horizonte brasileiro: continuar com as importações de todos os air bags ou passar a produzi-los em território nacional, já que, segundo Maluf, o país tem condições tecnológicas para isso. Porém, ainda que o Brasil opte pela importação, a presença do IPT será fundamental: “Produzindo o air bag aqui ou não, a indústria automotiva será obrigada a testá-lo e homologá-lo no país”, explica o diretor, que completa: “O IPT estará pronto para isso”.
Os testes
O tecido especial para air bags deve ter alta resistência, estabilidade térmica, alongamento definido e o principal: permeabilidade ao ar suficiente para que infle, proteja, e desinfle. O equipamento comprado pelo IPT atuará exatamente na verificação de quão permeável ao ar é o tecido. Sobre seu funcionamento, Maluf explica: “O ar será disparado através do tecido na mesma velocidade com a qual sai do sistema de detecção do veículo. Esse ar exercerá uma pressão. Então, será feita a leitura de quanto ar passou”.
Após os testes, o IPT não dará uma resposta final à montadora sobre se o tecido foi ou não aprovado. O Instituto fornecerá apenas um parecer técnico sobre os resultados obtidos, ou seja, quem decidirá se o tecido é ou não apropriado para uso será a própria montadora: “É ela quem resolve se o laudo está dentro ou fora de suas especificações, pois cada air bag, de cada carro, dependendo do modelo e do tamanho, tem uma especificação própria. Quem tem essas informações é a própria montadora”, ressalta Maluf.
Orçamento
O equipamento de testes já começou a ser utilizado para pesquisas internas do IPT e para desenvolvimento de uma metodologia de trabalho, que será necessária quando empresas automobilísticas passarem a solicitar os laudos técnicos de seus tecidos. Porém, o valor dos testes ainda não foi determinado: “O preço é a ultima coisa a ser calculada, porque dependemos dos custos do ensaio, do número de pessoas e horas envolvidas nas análises, dos insumos necessários para que a analise seja feita”, explica Maluf. O investimento no equipamento suíço, de R$ 215 mil, também será levado em conta no orçamento final dos testes.