ISSN 2359-5191

03/05/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 10 - Sociedade - Faculdade de Educação
Professor da Alemanha aborda direitos humanos em congresso de pedagogia na USP

São Paulo (AUN - USP) - O professor alemão da Universidade de Siegen Bernd Fichtner participou da conferência “Pedagogia Social e nossa sociedade numa perspectiva dos direitos humanos”, que abriu recentemente o III Congresso Internacional de Pedagogia Social na Faculdade de Educação da USP (FEUSP). Ele ressaltou a diferença da prática da Pedagogia Social na Alemanha e no Brasil, relatando sua surpresa ao conferir as experiências dos próprios organizadores do evento, que o fez modificar sua apresentação no congresso. O professor constituiu sua palestra em três passos distintos: discorreu sobre a relação entre a sociedade contemporânea e a Pedagogia Social, comentou sobre os direitos humanos e falou sobre a reconquista e o desenvolvimento da categoria “social” através dessa pedagogia.

Para entrar nesses três aspectos, Fichtner procurou refletir sobre a sociedade atual e todas as suas características determinantes. Marcada pelo imperativo do consumo, há os sujeitos consumidores e aqueles outros que estão fora disso tudo, ou seja, excluídos desse modo de vida. São pessoas vistas, muitas vezes, como inúteis, perigosas e indesejáveis. Com a instrumentalização da sociedade, o Estado de bem-estar social transformou-se em um Estado repressor, que vigia e pune.

A partir disso, ele incluiu no raciocínio a Pedagogia Social, que deve integrar essas pessoas excluídas da sociedade moderna e de consumidores. Todos os seres humanos têm o direito de serem igualmente respeitados. Discorrendo sobre isso, Fichtner enumera exemplos de instrumentalização dos direitos humanos e termina por citar Marx e sua crítica à concepção dos direitos humanos para interesses individualistas. Essa seria uma alternativa, uma perspectiva emancipadora para a Pedagogia Social. Fichtner também cita Paulo Freire, quando esse diz “escrevam pedagogias e não sobre pedagogias”. A Pedagogia Social é necessária para a compreensão dos novos paradigmas e é preciso explorar suas práticas e possibilidades.

O professor também elogiou o trabalho realizado nos Pontos de Cultura, que considera essencialmente parte da Pedagogia Social. Trabalhando com a potência, no lugar da carência e da vulnerabilidade, os Pontos de Cultura são ações do Programa Cultura Viva. São convênios entre a sociedade e o Ministério da Cultura, que provêm de iniciativas que se tornam responsáveis por impulsionar atitudes existentes nas comunidades. Esse convênio ocorre por meio de editais públicos. Célio Turino, secretário nacional de programas e projetos culturais do Ministério da Cultura e criador do programa Cultura Viva, estava presente na abertura do congresso e falou um pouco da experiência dos pontos de cultura no Brasil.

A diferença entre a Pedagogia Social trabalhada na Alemanha e no Brasil se dá no tangente à sociedade. A Pedagogia Social brasileira não tem o interesse de trabalhar apenas com a marginalidade. A categoria do social é maior do que isso. No Brasil, ela não é apenas um método, é um projeto político. Isso inclui a mudança efetiva também da sociedade, não só no sentido de incluir os excluídos.

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