ISSN 2359-5191

26/04/2000 - Ano: 33 - Edição Nº: 05 - Economia e Política - Instituto de Pesquisas Tecnológicas
Pequenas adaptações multiplicam exportações das indústrias

São Paulo (AUN - USP) - Um projeto criado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) em associação com o Sebrae-SP promete desmentir a idéia de que o maior problema que impede o Brasil de aumentar a exportação de seus produtos industrializados é o chamado Custo Brasil. O Programa de Apoio Tecnológico à Empresa Exportadora (Progex) é uma aposta dos pesquisadores do IPT de que algumas adaptações tecnológicas nos produtos de exportação brasileiros podem impulsionar muito as vendas. "Quase nunca se citava a tecnologia como impedimento para a exportação brasileira", conta a diretora de projetos especiais do IPT, Mari Katayama.

Isso tem sido observado nas 50 empresas que adotaram o Progex em sua linha de produção. Já houve casos de produtos que quintuplicaram suas vendas em razão das adaptações às exigências do mercado externo. Segundo Katayama, não se pode ignorar que povos com outras culturas queiram adquirir produtos com características especiais.

A aplicação do Progex acontece basicamente em duas fases: o estudo de viabilidade e a adaptação propriamente dita. Depois que a indústria apresenta ao IPT um produto cuja exportação gostaria de implementar ou aumentar, é feita uma análise das possibilidades de venda no exterior. Esse processo demora cerca de três semanas e leva em conta todo tipo de variáveis tecnológicas que poderiam influir no potencial de comercialização.

É comum um produto não ter a menor condição de ser comercializado fora do Brasil. Para chegar às 50 empresas que hoje são atendidas pelo Progex, foram estudados 150 possíveis exportadores, o que indica a adequação de apenas um terço dos manufaturados. Apesar disso, verificou-se, por meio de um estudo com sete empresas participantes do Progex, que é grande o empurrão nas vendas com a adequação à exportação. Das sete, cinco nunca tinham exportado, e passaram a fazê-lo, principalmente para o Mercosul. Além da venda nas vizinhanças latino-americanas, foi conquistada uma sensível melhora na aceitação dos produtos em mercados mais exigentes, como a Europa e os Estados Unidos. Isto se deu principalmente pela adequação à rigidez das normas técnicas vigentes nestes lugares.

O custo do Progex, que só visa empresas de até 100 funcionários, é baixo para o empresário, já que o Sebrae arca com boa parte dos custos. O estudo de viabilidade técnica custa R$ 2,9 mil, dos quais R$ 900 são pagos pela indústria. A adequação do produto, que utiliza o serviço de designers e cientistas, custa R$ 12,5 mil, dos quais somente R$ 2,5 mil vêm da empresa.

Um bom exemplo da dinâmica do Progex é o caso de uma indústria de calçados de couro do interior do Estado de São Paulo que quis vender seus sapatos fora do Brasil. Percebendo a enorme concorrência que havia nesse mercado, o Progex identificou um novo nicho que poderia ser aproveitado pela fábrica. O empresário recorreu a esse programa do IPT e agora produz 25 mil pares de sapatilhas de balé por mês, que são vendidas para um comerciante de Nova York.

O ganho de qualidade das indústrias também traz lucro na venda no mercado brasileiro, uma vez que o produto melhorado tem maior aceitação entre os consumidores daqui também.

Leia também...
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br