São Paulo (AUN - USP) - A preocupação com a gestão ambiental é cada vez maior. Para o geólogo Omar Iazbek Bitar, isso é resultado da crescente pobreza e do consumo excessivo de uma minoria da população mundial, e das projeções alarmantes que se tem feito, como de escassez de água e aquecimento global. Discutir desenvolvimento, explica Omar, é discutir questões sociais, econômicas, ambientais e institucionais, ou seja, quem vai promover e coodenar o desenvolvimento sustentável. Em palestra recente no IGc (Instituto de Geociências), Omar abordou o papel da geologia nesse cenário.
Gestão ambiental, num conceito mais próximo da geologia, pode ser definida como o campo de atuação que busca equilibrar a demanda de recursos naturais com a capacidade de suporte do ambiente. A tarefa básica da gestão ambiental é gerenciar esse impacto, através de instrumentos de prevenção, correção ou comunicação. Por exemplo, avaliar o impacto antes de uma obra ser realizada ou as recuperar áreas degradadas.
A área surgiu nos anos 60, e disseminou-se na década seguinte. A partir dos anos 80, foi integrada às políticas de vários países. No Brasil, havia somente instrumentos iniciais de controle até 1981, quando foi lançada a política nacional de meio ambiente. Hoje, ela não está presente só no poder público ou nas grandes empresas, mas também em ONGs e até mesmo entre os cidadãos.
Atualmente, um dos grandes campos de atuação é o municipal. A maioria da população urbana (cerca de 81% do total) vive em cidades médias ou grandes (acima de 100 mil habitantes) onde não existem dados organizados de diagnóstico ambiental. Em 2001 foi criada uma lei que obriga todos os municípios que tenham mais de 20 mil habitantes a ter um plano diretor, e agora é que esse levantamento está sendo feito.
Para avaliar o progresso rumo ao desenvolvimento sustentável, é preciso ter indicadores-padrão no mundo todo. Por exemplo, que meçam a concentração industrial de substâncias destruidoras da camada de ozônio ou a de população residente em áreas costeiras. É preciso pensar a importância da geologia na interface com as obras de engenharia, diz Omar. Para ele, deve ser derrubado o mito do “imprevisto geológico”. Quando acontece algo inesperado do ponto de vista geológico no decorrer de uma obra, é por falta de conhecimento do lugar, defende.
Osmar acrescenta que o conhecimento do geólogo não é apenas um dado adicional para a gestão ambiental, ele é imprescindível, e participa de assuntos que poderiam parecer distantes à primeira vista, como a reforma agrária. Os assentamentos rurais que não foram planejados corretamente sofreram degradação e estão sendo recuperados. Se não chegou ainda ao ideal, “ao menos a contribuição das geociências na gestão ambiental melhorou muito nos últimos 10 anos”, conclui Omar.