São Paulo (AUN - USP) - Jornalismo é a profissão do curioso profissional, disse Marcelo Duarte, jornalista e escritor do guia dos curiosos. “Nós jornalistas temos que parar de achar que as coisas são óbvias”, disse Duarte. Sempre “tem algo que escapou”, sempre há algo que os outros não viram, e é nesse aspecto que ele se foca. “Algumas coisas estão bem resolvidas, mas geralmente sempre há uma pergunta a mais para ser feita”, disse o curioso na palestra Jornalismo&Jornalismo, realizada na Escola de Comunicações e Artes da USP (ECA-USP).
Seu método de trabalho é simples: “ler muito e ler muita coisa” – sempre com um olhar de caçador aos fatos que foram ou ainda serão explorados pela mídia. É preciso ler desde guias, sites oficiais, jornais, revistas. “É uma obrigação do jornalista sair de casa com o jornal lido” disse.
Outro aspecto fundamental em seu trabalho são as entrevistas. “Você deve se preparar muito bem antes de uma entrevista, com isso, a fonte pode abrir outras histórias”. Utilizar o humor e deixar perguntas mais polêmicas para o final ajuda a manter um bom relacionamento com a fonte e descobrir aquilo que ninguém conseguiu apurar.
Marcelo Duarte disse que não se pode ter medo de fazer uma pergunta boba, toda pergunta pode chegar a uma boa história. O escritor conta um caso de quando ligou no grupo Unilever para saber o que significava o nome do sabão OMO. Nem a própria empresa sabia ao certo, mas decidiram pesquisar. OMO significa “Old mother owl” (velha mãe coruja). Isso deu origem ao logo do sabão, um olho de coruja, apesar de poucos perceberem. Marcelo conseguiu sua história.
A curiosidade de Marcelo Duarte não parou por aí. O escritor do guia dos curiosos tentou levar esse olhar diferenciado para a televisão. Em seus programas para o canal ESPN, Duarte traz perguntas inusitadas e entrevistados diferentes. O programa “Loucos por futebol” foi criado a partir dessa visão diferenciada que ele trouxe ao jornalismo esportivo cujo toque principal foi o humor.
Quando cobre algum evento esportivo, como uma copa, ele prefere fugir do comum. Ainda que esse comum seja simplesmente cobrir aos jogos de futebol. Duarte prefere, por exemplo, explorar aspectos culturais do país em questão. Nas Olimpíadas de 2008 em Pequim, na China, o jornalista fez um série “Pequim de A a Z”, abordando aspectos culturais inusitados do país sede dos jogos olímpicos.