ISSN 2359-5191

05/05/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 12 - Economia e Política - Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas
Professora da Geografia critica empresas que lucram com transgênicos

São Paulo (AUN - USP) - A professora Larissa Bombardi do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, expôs criticamente o atual cenário do setor agrícola em relação à produção de transgênicos durante o seminário Transgênicos: segurança alimentar e o impacto social da biotecnologia, realizado pelo Centro Acadêmico Emílio Ribas, da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP.

Segundo ela, existe uma forte penetração destes produtos na economia e nos hábitos de consumo, como conseqüência do lucro que representam às grandes empresas. Tais empresas possuem patentes das sementes transgênicas que produzem. Portanto, quando o agricultor compra a semente terá, necessariamente, que comprar o defensivo da mesma empresa. Esta influência existe também na chamada “poluição genética”. Se uma área usa transgênicos a sua vizinha também será “contaminada” por essas sementes devido à polinização feita por vento e insetos.

Transgênicos são organismos que recebem, através de engenharia genética, genes de outros organismos com a finalidade de adicionar ou aperfeiçoar características originais. Fabiana Alves do Nascimento, uma das diretoras do centro acadêmico, explica a escolha do tema. “Os alunos sentem falta de uma abordagem mais profunda sobre transgênicos. O debate faria essa análise”.

Questionando a transformação da soja em produto base da alimentação dos brasileiros, Bombardi explicou que parte das críticas à produção de transgênicos envolve a falta de pesquisas antes do comércio em larga escala, o que não é autorizado pelas empresas.

Apesar das dificuldades em diferenciar um produto produzido sem transgenia devido às condições de produção, um dos alertas aos presentes e consumidores de modo geral é que observem o lacre do óleo de soja. É obrigatório que aqueles produzidos com sementes transgênicas tenham um T maiúsculo na embalagem.

Bombardi citou também pesquisas que considera confiáveis: um estudo sueco que mostra que o desfolhante “glifosato”, produzido pela Monsanto e outras empresas, aumenta a probabilidade do desenvolvimento de tumores. E outro lançado esta semana, de origem russa, indica que transgênicos causam esterilidade e diminuição da capacidade reprodutiva.

Os filmes “O futuro dos alimentos” e “Transgênicos a manipulação dos campos” foram exibidos no seminário e estão disponíveis através do site Docverdade. Na página do centro acadêmico na internet estará disponível o documentário “O Mundo Segundo a Monsanto” inspirado no livro de mesmo nome da jornalista Marie-Monique Robin e uma matéria publicada na Revista Galileu sobre a fiscalização que as empresas do setor fazem para que camponeses não aproveitem sementes patenteadas em safras futuras.

Os números justificam a importância do seminário e refletem como o que consumimos todos os dias pode estar contaminado. Segundo a professora, apesar de cerca de 60% das terras improdutivas, o Brasil é principal consumidor de agrotóxicos do mundo.

Estiveram presentes também membros da FEAB (Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil) e da ABEEF (Associação Brasileira dos Estudantes de Engenharia Florestal), debatendo biossegurança e comercialização de produtos geneticamente modificados.

Site do Centro Acadêmico Emílio Ribas: http://caemilioribas.wordpress.com/
Site “Doc Verdade”: http://docverdade.blogspot.com/

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