ISSN 2359-5191

21/03/2003 - Ano: 36 - Edição Nº: 01 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Pesquisas Tecnológicas
Veículo a combustível flexível reduz dependência externa

São Paulo (AUN - USP) - Em um tempo em que petróleo é sinônimo de poder, torna-se cada vez mais importante para qualquer país ter instrumentos que diminuam sua vulnerabilidade do mercado ao produto. Ao menos tecnologia para isso o Brasil já tem. Com um software que adapta as condições do sistema de controle à gasolina ou ao álcool, ou mesmo a uma mistura dos dois, os veículos a combustível flexível, ou flex fuel vehicles (FFV), permitem que o usuário escolha o combustível com que quer abastecer seu veículo.

Dessa forma, ao mesmo tempo em que os FFV garantem uma blindagem à economia nacional em caso de crise ou alta vertiginosa do petróleo, no outro extremo, asseguram o abastecimento dos veículos ainda que falte álcool no mercado.

Ainda não se sabe ao certo o valor adicional dessas máquinas. Nos EUA, em que circulam desde 1992, calcula-se que o preço final dos FFV seja de aproximadamente 200 dólares a mais em relação aos veículos tradicionais, principalmente devido à utilização de um sensor especial para detectar o teor de álcool na gasolina.

No Brasil, de acordo com Sílvio de Andrade Figueiredo, chefe do Agrupamento de Motores da Divisão de Mecânica do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), essa diferença tende a ser ainda menor. Até mesmo pelo fato de o álcool utilizado no Brasil ser diferente do norte-americano, por aqui, estão sendo buscadas soluções em que os sensores que já existem no veículo cumpram essa função.

Porém, como acontece com outros produtos, o preço dos veículos com combustível flexível está intimamente relacionado à sua escala de produção. Se depender do desempenho dos carros a álcool nos últimos anos, é possível vislumbrar um horizonte de otimismo. A participação deles nas vendas de automóveis e veículos comerciais leves que, em 2000 era de parcos 0,8%, alcançou o patamar de 4,3% no ano passado.

O uso de álcool, que possivelmente aumentará caso se inicie por aqui uma produção em escala industrial dos FFV, não é uma tendência somente brasileira. “Além do Brasil, diversos outros países estão interessados em começar a utilizar álcool, países do tipo Índia, China, Cuba. Isso também deixa abrir uma perspectiva de exportação de veículos”, diz Figueiredo.

Apesar das inúmeras vantagens dos FFV, não existe um único exemplar em circulação no Brasil, apesar das maiores montadoras já tenham anunciado muitos protótipos. Os maiores obstáculos são o custo de desenvolvimento da máquina e o risco inerente a qualquer produto novo que é lançado no mercado.

O governo brasileiro já deu alguns passos na direção de incentivar a produção nacional de veículos a combustível flexível. Classificou, sob o ponto de vista fiscal, os FFV como veículos a álcool – o que significa um IPI em média menor que o dos automóveis a gasolina – e definiu um procedimento para avaliar o atendimento deles à legislação ambiental.

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