ISSN 2359-5191

08/06/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 26 - Sociedade - Escola de Comunicações e Artes
Tecnologia ajuda, mas não substitui métodos jornalísticos

São Paulo (AUN - USP) - As mudanças proporcionadas pela introdução de novas tecnologias no jornalismo foi o tema da discussão entre o jornalista José Roberto de Toledo e os alunos de graduação da Escola de Comunicações e Artes da USP, em recente palestra. Para ele, apesar das várias possibilidades e facilidades que encontramos hoje para produzir conteúdo, “os princípios básicos do jornalismo continuam valendo”.

Segundo Toledo, numa época em que os profissionais da informação sofrem com a “competição dos amadores”, o surgimento das técnicas de RAC (Reportagem com Auxílio do Computador) veio para aumentar a eficácia do trabalho jornalístico, assim como a credibilidade do produto desse processo, através de vários recursos avançados.

Para o jornalista, um dos principais benefícios é em relação à apuração. Os métodos de busca avançada, os sistemas de banco de dados e as planilhas no computador se tornaram, de acordo com Toledo, grandes aliados na hora de fazer uma pesquisa mais rápida e eficiente na internet. Contou, também, que as fontes se multiplicaram no meio digital. Sites governamentais, “watchdogs” (que vigiam o poder), e redes sociais são, agora, importantes meios de consulta e de checagem de dados.

No caso das mídias sociais, servem ainda para encontrar personagens para ilustrar reportagens e funcionam, ao mesmo tempo, como termômetro do que as pessoas dizem. Para Toledo, entretanto, esse uso vem sendo pouco explorado ultimamente. “Hoje em dia, essa abordagem é muito pouco desenvolvida pelos jornalistas”, disse.

Sobre a publicação, Toledo apontou a possibilidade de se criar um blog (ou mais de um), de abrir uma conta no Twitter e de cultivar uma rede de leitores. Nesse último ponto, o jornalista aconselhou que se tenha foco, que se mantenha um ritmo de postagem e que se esteja atento aos temas atuais. Para ele, entretanto, é preciso ter cuidado com o uso desses canais, que pode variar do mais fútil ao mais relevante, e interferir na imagem profissional do usuário. “A única coisa que pode nos diferenciar da concorrência é a credibilidade”, declarou.

Toledo afirmou, por outro lado, que todos esses procedimentos não tiram a responsabilidade do jornalista de checar a informação e de buscar fontes complementares à sua pesquisa inicial. “Esse é o grande diferencial entre um repórter medíocre e um bom repórter”. Além disso, atentou para o fato de que a internet não pode ser a principal relação com um entrevistado, por exemplo. “Raríssimas boas entrevistas são feitas por e-mail”, completou.

José Roberto de Toledo, formado em jornalismo pela ECA – USP em 1986, já trabalhou na Folha de S. Paulo, onde cobriu o Congresso Constituinte, o impeachment de Collor, além de eventos internacionais. Desde 1995, desenvolve um trabalho com as técnicas de RAC. É diretor da agência PrimaPágina, que desenvolve conteúdo jornalístico para terceiros, além de ser um dos fundadores da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo).

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