ISSN 2359-5191

08/06/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 26 - Ciência e Tecnologia - Faculdade de Ciências Farmacêuticas
Estudos com leveduras resistentes visam aumento da produção de etanol

São Paulo (AUN - USP) -Pesquisas com o objetivo de desenvolver leveduras capazes de resistir a altas temperaturas e a grandes concentrações de etanol são realizadas na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP. A levedura da espécie Saccharomyces cerevisae é responsável pela fermentação da glicose presente no caldo de cana-de-açúcar na produção do biocombustível. A finalidade é aumentar a produção de etanol.

Como não existe nenhum tipo de descontaminação no local onde ocorre a produção de etanol, algumas bactérias e leveduras consomem a glicose do vegetal sem produzir o álcool, prejudicando o trabalho de outras leveduras que são importantes para esse processo. Assim, esses micro-organismos competem com a Saccharomyces cerevisae, atuando como parasitas. Além disso, as bactérias presentes no sistema se agregam às leveduras, formando flocos que acabam entupindo o processo de drenagem do produto.

A solução para a eliminação desses seres inconvenientes seria a grande concentração de etanol e as altas temperaturas presentes naturalmente no sistema de fermentação. Mas esses fatores também são prejudiciais para as leveduras “boas”. Daí vem a necessidade de se desenvolver organismos geneticamente modificados que consigam sobreviver a essas condições.

O etanol é tóxico para todos os micro-organismos de acordo com a sua concentração, explica Gisele Monteiro de Souza, professora do Departamento de Tecnologia da FCF-USP e coordenadora das pesquisas. Devido a esse fator, ele é utilizado em laboratórios para a esterilização de equipamentos, por exemplo. Segundo a professora, “as leveduras são um pouco menos sensíveis, tanto que elas produzem o etanol”. Elas suportam até cerca de 10% de concentração do álcool na dorna, local de fermentação do caldo de cana. A resistência a uma taxa maior ajudaria a matar os outros micro-organismos.

Outro fator limitante para as leveduras é o calor presente nas dornas, onde se passa facilmente dos 30º C, temperatura ideal para o seu crescimento. “Elas já aguentam um certo estresse”, explica Gisele Monteiro. “O melhor seria que elas conseguissem crescer de 42º C para cima. Aí as bactérias não iriam resistir”, diz.

Aproveitamento máximo
Outra vertente da pesquisa de Gisele Monteiro de Souza é a tentativa de produzir etanol a partir do bagaço da cana-de-açúcar. Atualmente ele é utilizado apenas para fornecer energia elétrica para as usinas através da sua queima. “Queimar é ainda uma subutilização”, declarou a professora, que considera a questão do bagaço da cana um “problema ambiental”.

O etanol ainda não é produzido por esse método porque a Saccharomyces cerevisae não consegue processar um componente da parede celular da cana-de-açúcar, a lignina, para a liberação da celulose. Ainda assim, elas não seriam capazes de degradar a celulose para obter a glicose necessária para a produção do etanol.

As pesquisas têm avançado no sentido de utilizar o fungo da chamada “podridão marrom”, capaz de processar a lignina. A celulose obtida nesse processo seria então degradada com substâncias presentes no estômago de animais herbívoros e insetos como o cupim. A glicose resultante dessa quebra poderia finalmente ser absorvida e transformada em etanol pela levedura.

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