São Paulo (AUN - USP) - O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), na USP, terá, até o fim de 2010, um novo centro de desenvolvimento tecnológico: o prédio de bionanotecnologia. Com um investimento de R$ 46 milhões, a obra visa impulsionar a pesquisa e os projetos nessa área da ciência.
A nanotecnologia estuda novas organizações estruturais da matéria para obter diferentes propriedades e comportamentos. As partículas utilizadas são extremamente pequenas, a medida de um nanômetro é um milhão de vezes menor que o milímetro.
Atualmente, as equipes responsáveis pelo desenvolvimento de projetos em tecnologia nanométrica não possuem um local de trabalho específico para isso. “O pessoal que atua nesses setores está apertado em algum canto. Então vamos dar espaço para eles”, afirma Wilson Iyomasa, gerente da área de modernização da infra-estrutura do IPT.
O novo edifício, com 8.400 metros quadrados, abrigará três áreas: a responsável pelo desenvolvimento da biotecnologia, na qual serão feitos estudos com organismos vivos, como bactérias e vírus; a responsável pela fabricação de peças pequenas, micrométricas, e a área de metrologia, cuja função é verificar se o que é produzido está dentro das métricas e parâmetros adequados. O prédio contará, também, com um anfiteatro, cuja finalidade será promover eventos e discussões voltados para nanotecnologia.
A construção do centro tecnológico é apoiada pelos pesquisadores: “Hoje fazemos coisas de centenas de micrômetros, mas pode chegar a nanômetros e tudo depende da tecnologia. Com esse novo investimento queremos nos aproximar cada vez mais de coisas pequenas”, afirma Mario Gongora Rubio, pesquisador do Centro de Tecnologia de Processos e Produtos do IPT.
Além de melhorar as condições de trabalho de quem atua com a nanotecnologia, o impulso à pesquisa e ao desenvolvimento desse campo da ciência também poderá beneficiar outros setores do IPT. Wilson exemplifica: “Existe uma equipe que faz tratamento de madeira, para que ela não sofra decomposição e para que possa ser utilizada por mais tempo em estruturas, por exemplo. Então, você pode utilizar substancias químicas com partículas nanométricas que possam penetrar entre as fibras da madeira, para proteção”.
Projetos Atuais
O IPT já desenvolve trabalhos na área de nanotecnologia, como o micro encapsulamento de substâncias químicas, projeto desenvolvido em parceria com a Faculdade de Medicina da USP. “Você faz uma cápsula micrométrica, a substância interior tem partículas nanométricas, e coloca no lugar onde precisa que aquela substância atue, na cura de uma doença ou ferimento”, explica Wilson.
O IPT trabalha também no desenvolvimento de um projeto cujo objetivo é produzir biodiesel a partir de peças extremamente pequenas, que poderiam substituir grandes tanques de produção em usinas. “A idéia é fazer micro reatores. Eu faço mil, por exemplo, e coloco-os em uma caixinha. Cada um deles produz biodiesel, uma gota que seja, mas assim é possível encher uma garrafa, um tambor”, explica Wilson, que atenta para as vantagens dessa inovação: “Esse equipamento, bem pequenininho, produz 24 horas por dia. As usinas convencionais produzem enquanto alguém estiver trabalhando. Além disso, se eu fizer um módulo desses equipamentos e perceber que a produção está pequena, eu o substituo. O processo não para”.