São Paulo (AUN - USP) - A relação entre modelos tipográficos e a evolução das publicações impressas, especialmente os jornais, foi o tema de recente palestra de Cláudio Rocha, especialista em tipografia, na Escola de Comunicações e Artes da USP. Segundo o tipógrafo, essa discussão é importante, pois determina questões de estilo e identidade, que estão ligadas ao projeto gráfico dos veículos. Comentou ainda que “a tipografia também ajuda e pode carregar certa carga informativa”.
De acordo com Cláudio, as mudanças editoriais dos jornais ao longo do tempo determinaram transformações também no campo das técnicas gráficas. Com a necessidade de diminuir os gastos, instituiu-se uma economia de espaço, de papel, entre outros. Para que isso acontecesse, a escolha da tipografia adequada foi essencial.
Cláudio falou ainda, que, a partir da década de 20, os jornais passaram a se preocupar com questões como a legibilidade das matérias. A utilização de diferentes fontes foi muito importante para esse processo. “O desenho da letra interfere na massa de texto que ela vai formar”, explicou o tipógrafo.
Além disso, contou que por causa do ritmo de vida atual, mudou-se o hábito de leitura. “O leitor mudou”. Para se adaptar às novas exigências, as publicações, em geral, aumentaram o corpo da letra e reduziram a quantidade de texto, o que tornou a leitura muito mais dinâmica. “Hoje, a informação é jogada rapidamente”, disse.
Diferenciou, entretanto, os conceitos de legibilidade e “leiturabilidade”, neologismo traduzido do inglês. Para ele, o primeiro diz respeito ao reconhecimento do leitor em relação à forma dos caracteres, a partir da familiaridade, da percepção e visualização das letras. Já o segundo, se refere ao conforto visual proporcionado pela organização de determinado texto, medida através da velocidade de leitura, da fadiga visual, entre outros.
Para ele, desde a época em que eram criadas nos antigos linotipos, os fatores mais importantes na elaboração das fontes tipográficas são a ideia, que tem que ser boa, clara e funcional, e o desenho, que vai fazer com que os caracteres atuem em conjunto. Segundo Cláudio, nesse ponto é que entra o trabalho artístico do tipógrafo, pois não existe uma fórmula matemática para criar harmonia em uma fonte. “O tipógrafo é um desenhista de palavras”, completou.