São Paulo (AUN - USP) - Minerais pesados e estáveis, como Zircão, Turmalina e Rutilo são indicadores consagrados da origem de um solo. Quando uma porção de solo apresenta uma concentração maior destes minerais do que outras porções de uma mesma região, um pesquisador pode concluir que no passado esta matéria tenha sido transportada por rios, ventos ou outros fatores. No entanto, este método de pesquisa gera controvérsias. "Faz tempo que isso é questionado, mas só recentemente a comunidade científica reconhece que o método tem falhas", diz o geólogo Jorge Emanuel dos Santos Nóbrega, mestrando do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo - IGc-USP.
Na sua pesquisa de mestrado, Nóbrega estuda a proveniência dos minerais do Grupo Guaritas, uma bacia cambriana localizada no Rio Grande do Sul. Para isso, ele analiza a luminescência do quartzo, um método pouco convencional, que começou a existir a cerca de dez anos. "A estrutura cristalina do quartzo tem imperfeições que absorvem radiação. Quando ele está enterrado, ele armazena a radiação emitida pela decomposição de outros minerais que estejam próximos. Porém, o lugar desta energia não é ali, e qualquer excitação pode fazer ela sair. É o que acontece quando o quartzo é exposto à energia luminosa na superfície", explica Nóbrega.
Em laboratório, é possível estimular com luz uma amostra de quartzo e medir a energia emitida por ela. Comparando os resultados obtidos com diversas amostras, é possível fazer inferências sobre o retrabalhamento dos sedimentos, ou seja, quanto o material foi enterrado e desenterrado sucessivamente ao longo do tempo. "A vantagem deste método é que ele elimina critérios subjetivos de análise, como a cor do mineral e o arredondamento dos grãos", defende o pesquisador.
A desvantagem é que no Brasil não existem laboratórios equipados para este tipo de análise. As amostras de Nóbrega tiveram que ser levadas até os Estados Unidos para o estudo ser concluído.