São Paulo (AUN - USP) -A importância dos acervos e as diversidade de pesquisas dos grupos de estudos da Escola de Comunicações e Artes (ECA-USP) foram os temas de discussão na palestra “Arte, memória e documentação”, que integrou o I Seminário de Pesquisa da ECA. A apresentação, que aconteceu no prédio principal da Escola, teve coordenação do professor Eduardo Vicente, do Departamento de Artes Cênicas (CAC).

Memória e experimentação do ator
O primeiro núcleo a se apresentar foi o Laboratório de Informação e Memória do Departamento de Artes Cênicas (LIM CAC), que teve como representante o professor Fausto Viana. Segundo ele, a história do Laboratório pode ser dividida em três fases. A primeira, que se refere ao período de 1997 a 2001, teve como base o acervo pessoal do professor Clóvis Garcia.

De 2001 a 2004, o arquivo passou a agregar documentos de diversos outros professores e se tornou, então, um centro de documentação das atividades do Departamento. Viana lamentou, entretanto, que havia uma grande desorganização do acervo. A partir de 2004, então, começou um projeto de estrutura dos dados. Algumas das medidas foram a organização definitiva dos arquivos, a contratação de estagiários e a mudança do logo do Laboratório.

De acordo com o professor, desde então o arquivo não para de crescer. “O acervo recebe doações o tempo todo”. Os objetivos do grupo são, agora, dar continuidade ao trabalho de reorganização e conservação dos documentos, com novo arranjo, além de prosseguir com os projetos de pesquisa e iniciações científicas.

Um outro grupo que se apresentou foi o CEPECA (Centro de Pesquisa em Experimentação Cênica do Ator), o mais jovem de pesquisa na ECA, oficializado há apenas um ano. De acordo com o professor Armando Sérgio, o projeto se iniciou a partir de propostas de produção de espetáculos teatrais e de exercícios específicos para o ator. Os alunos eram estimulados a apresentar aos colegas cenas, exercícios cênicos e uma monografia.

Desde a sua criação, já produziu peças como “Agora já era, Hamlet”, “O quarteto”, “A mulher e o cisne” e “Era uma vez um mundo perfeito”. Segundo Armando, a principal proposta do núcleo é promover um diálogo entre a parte acadêmica e prática da atividade teatral. “Teatro, trabalho artístico e trabalhos acadêmicos juntos, sem separar as duas coisas”.

Quadrinhos e censura
O professor Waldomiro Vergueiro falou sobre o Observatório de Histórias em Quadrinhos, que surgiu em 1990. Segundo Waldomiro, o núcleo foi criado por causa da tradição de ensino e pesquisa de quadrinhos na ECA. “Temos a mais longa e duradoura disciplina sobre história em quadrinhos do mundo”, afirmou o professor, atribuindo à professora Sonia Bybe, a criação da disciplina na Escola.

Waldomiro disse, também, que o principal objetivo do Observatório é ser um ambiente permanente de aprofundamento, reflexão, discussão e pesquisa sobre história em quadrinhos. Além disso, pretendem incentivar pesquisas no Mestrado, Doutorado e TCC’s. Para o professor, o trabalho dos integrantes do grupo vem trazendo resultados. “60% das pesquisas em HQ’s aconteceram nos últimos 10 anos”, disse.

A última apresentação ficou por conta da professora Maria Cristina Castilho Costa, que explicou um pouco o funcionamento do Núcleo de Pesquisa em Comunicação e Censura. De acordo com ela, o grupo surgiu a partir do estudo de um total de 6148 processos de censura a manifestações artísticas, encadernados em grupos de 15 volumes, que continham, entre outros documentos, requerimentos e certificados de censura.

Maria Cristina contou que, no período de 2004 a 2008, tiveram o seu projeto de comunicação e censura aprovado. Depois, adquiriram autorização para melhorar a infraestrutura do núcleo e do arquivo. Para ela, o objetivo maior do grupo é analisar os processos pelos quais passaram várias obras e quais os critérios utilizados para o cerceamento de determinados trechos. “Nós estamos estudando a censura no sentido de sua arbitrariedade”, completou.