São Paulo (AUN - USP) - Camundongos recém-nascidos expostos à fumaça de cigarro têm considerável perda de peso, segundo pesquisa realizada na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP. Em humanos, já se sabe que os filhos de mães que fumam durante a gravidez têm cerca de 200 gramas a menos do que os filhos de mulheres saudáveis. A redução do peso ao nascer pode ter diversas consequências e está relacionada a altos índices de mortalidade infantil.
Os animais analisados na pesquisa da mestranda Larissa Torres, sob orientação da professora Tania Marcourakis, foram expostos à fumaça do cigarro por até 35 dias, duas horas por dia, sete dias por semana. Todas as amostras apresentaram queda de cerca de 35% no peso em relação aos roedores saudáveis. Como consequência, os animais também tiveram retardamento no crescimento.
A nicotina parece ser o principal constituinte do tabaco responsável pelos efeitos no peso corporal. A administração dessa substância nos roedores reduz o consumo de alimento, aumenta o gasto energético e diminui o peso dos animais. Este efeito pode estar ligado a danos causados em uma estrutura do sistema nervoso central responsável pela regulação da alimentação, do balanço energético e do peso corporal, o hipotálamo.
A fumaça do cigarro é uma complexa mistura de mais de 4,7 mil substâncias, muitas das quais são tóxicas e estão relacionadas a doenças como as que atingem o coração, o câncer e a asma. Segundo dados de 2009 do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o risco de um não-fumante adquirir câncer de pulmão aumenta 20% a 30% quando exposto à fumaça de cigarro. No caso do infarto, o risco é 25% a 30% maior. Estudos de 2008 mostram que pelo menos 2,6 mil pessoas morrem a cada ano no Brasil por causa da exposição passiva à fumaça do cigarro.
Segundo a pesquisadora Larissa Torres, em seu estudo, algumas medidas são importantes para a queda do consumo do cigarro no país. Como exemplo, ela cita a restrição do fumo em repartições públicas em 1986, a proibição da publicidade do tabaco em 2000 e o aumento dos impostos sobre o cigarro em maio de 2009. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o aumento de 10% no preço do produto diminui em 4% a 8% o consumo do cigarro.